Opinião

A defesa do bom etanol

Editorial do Estadão
Defender o etanol brasileiro tem sido uma das principais ocupações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde que se elevou a produção de biocombustíveis à categoria de crime contra a humanidade. Em Brasília, na semana passada, ele aproveitou a conferência regional da FAO, o organismo das Nações Unidas para alimentação e agricultura, para rebater as críticas à produção de biocombustíveis e mostrar seu potencial de criação de emprego e renda nas economias em desenvolvimento. Poucos dias depois, em Gana, sacramentou o primeiro acordo de financiamento a um país africano para fabricação de etanol, destinado, nesse caso, à exportação para a Suécia. Acordos com outros cinco países da África foram anunciados, num esforço do governo brasileiro para converter o mercado do álcool num típico mercado de commodity, com muitos produtores. A viagem foi uma oportunidade para o presidente retomar a defesa do programa brasileiro de etanol e situar no contexto próprio o debate sobre a crise no mercado global de alimentos.
A produção de biocombustíveis tem sido apontada por funcionários da ONU, de outras organizações multilaterais e também por vários líderes políticos como uma das causas da grande alta de preços da comida nos últimos dois anos. Politicamente, é uma tese muito mais fácil de vender do que de refutar. A opinião pública internacional tem uma forte preferência por idéias simples e facilmente conversíveis em palavras de ordem. A tarefa do presidente Lula, nesse caso, é especialmente complexa, porque envolve a distinção entre o etanol brasileiro, extraído da cana, e o dos Estados Unidos, fabricado a partir do milho. O programa brasileiro, como sabe qualquer pessoa razoavelmente informada, é muito mais eficiente em termos energéticos e compatível com a expansão das culturas de alimentos. Mas a maior parte dos políticos e das pessoas mobilizáveis para campanhas de salvação do mundo não é razoavelmente informada nem se preocupa com detalhes técnicos.
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