Brasil

Febre amarela ontem e hoje

Arary da Cruz Tiriba
Imediata a identificação da febre amarela, pelo menos, na cor e nomenclatura dos idiomas ocidentais: fiebre amarillo, yellow fever, fièvre jaune, febbre gialla, gelb Fieber. Vômito preto, ainda que repulsivo, foi o seu apelido nos primeiros tempos, por ser sua marca registrada: a expulsão do conteúdo, estomacal, de sangue digerido proveniente das hemorragias internas. Os conquistadores espanhóis do novo continente nem chegavam a ficar demasiado amarelos; quando acusavam a dor, em torno do umbigo, já se tratava do anúncio funéreo. E o amarelão da face era substituído, após a morte, pelo afilamento nasal e a impressionante máscara da palidez de cera. Por isso a febre era temida pelo europeu.
Na África, foi a grande aliada dos nativos, por ceifar o dominador branco muito mais impiedosamente do que os africanos. Que a febre amarela é mais antiga no continente africano do que no americano assim sugerem algumas evidências. A gravidade é algo menor entre os afros. Também os macacos áfricos resistem mais à doença.
A propósito, durante preleção para pessoal da área de saúde, sobre a ressurgência no Brasil Central, a pergunta: "Se o combate aos mosquitos silvestres é impraticável, se macacos, além dos mosquitos, constituem fonte de infecção, em vez de combater mosquitos, por que não exterminar os símios?" Preciosa interlocução pela oportunidade de esclarecer sobre o papel ambientalista do bugio. Seus instrumentos agrícolas: suas fezes ricas em sementes de vegetais e de frutas, que constituem seu regime alimentar. Não acha o leitor que, de alguma forma, o primata não-humano já vem sendo dizimado, seja pelo consumo da sua carne pelo homem, seja pelo desmatamento do seu hábitat? Inversamente, é preciso controlar o caçador.
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