Política

Os Planos de Reeleição de Eduardo Cesar
(Estratégia combina alianças fortes e aposta na vaidade dos adversários)

Marcelo Mungioli
O atual prefeito Eduardo Cesar pode não ser um bom administrador, mas é um mestre em fazer política eleitoral. Não é à toa que já migrou por todo o arco partidário (da esquerda para a direita e vice-versa), plantando aliados fortes em alguns deles, como no PTB e o PL. Espertamente, com a experiência de 12 anos de vereança, implodiu rapidamente a oposição, dominando a Câmara Municipal. Em pouco menos de seis meses, formou um bloco monolítico de apoio que, durante os dois primeiros anos, aprovou tudo o que lhe era importante e barrou o que não lhe interessava. Só que não é preciso ser adivinho para saber que, a partir de agosto, começarão a despontar “opositores”, entre aqueles “companheiros de primeira (e de segunda) hora”, na mesma medida em que estes forem perdendo status e interesse para os planos do Chefe do Executivo, tanto na Administração, quanto na Câmara Municipal. Com o início da corrida eleitoral para 2008, os que perceberem que não terão espaços privilegiados ao lado do candidato oficial, ou os que forem chutados para fora do barco governista, tendem a atirar-se de cabeça contra quem os abandonou. Principalmente entre os vereadores, que podem buscar um “reposicionamento”, uma vez que a competição por uma cadeira na Câmara será das mais acirradas, pois já há uma multidão de pré-candidatos à vereança abrigados sob as asas do Chefe do Executivo.

Quem sabe faz a hora...

Eduardo César, logo que chegou ao Paço Anchieta, parece ter criado um “organograma de postos sob vigilância”, colocando presidentes e lideranças partidárias sob o seu controle. Os fatos parecem respaldar esta teoria: durante os primeiros dois anos de governo, “abraçou” o PMDB e o PFL. Em 2006, cobriu com sua “capa” também o PTB e outros partidos menores.
Desde o final de 2005, Eduardo tenta se aproximar do PSDB. Sua estratégia primeira foi tentar enfraquecer as lideranças locais do partido, num jogo de forças junto ao governo do Estado. Em época de eleição, o prefeito colheu alguns resultado positivos. Mesmo com o desgaste infligido pelo Prefeito aos seus quadros, o PSDB local – como um todo - não se posicionou como oposição, preferindo manter a neutralidade, o que vem permitindo a Eduardo chegar cada vez mais perto de seu objetivo: o domínio do partido. No âmbito eleitoral, o empresário Sérgio Caribé se comporta como o “dono da bola” e já expõe seu nome como certo para disputar a Prefeitura. Caribé tem, de fato, apoio de uma ala importante do tucanato local. Só que tal fato desencadeou reações, algumas imprevisíveis, como a de querer costurar um estranho acordo, quase kamikaze, que promoveria a entrada de Eduardo César no ninho tucano, o que minaria as pretensões de Caribé, além de forçar a migração de outros emplumados membros da Executiva daquele partido para outros pousos, reforçando a tese de que Eduardo conhece muito bem seus adversários e sabe jogar com as suas fraquezas.
Enquanto isto, Paulo Ramos é candidatura certa pelo PDT, colocando o partido na oposição. Mas perante à opinião pública, o partido é situação e faz parte da bancada de apoio de Eduardo na Câmara. Esta incoerência pode gerar grandes desgastes, em 2007, podendo mesmo levar a defecções nas hostes do partido.
No PT, mesmo dividido em suas correntes e divergências locais, há a disposição de lançar um candidato majoritário, mas este nome só se cristalizá em 2008, na época da convenção. De certo, nas hostes petistas, é relegar ao ostracismo o atual vice-prefeito Domingos dos Santos. Pesam, sobre ele, as pechas de não saber fazer política, de não ter lutado pelos quadros do partido e de ter se acomodado em um cargo de enfeite, sem oferecer qualquer resistência em situações em que o partido se pronunciou contrário aos rumos tomados pela administração municipal, como por exemplo, no caso da terceirização da merenda escolar.
No comando do PTB, o comerciante Tato vem conduzindo o partido de forma a não causar provocar qualquer desgaste. Seus quadros lançam uma “farpa” aqui, afagam e elogiam acolá e, em sua grande maioria, mantém um excelente relacionamento com o Executivo. Com vários “puxadores de voto” em suas fileiras, os trabalhistas tendem mais a ser situação, mas podem transformar-se em oposição “light” e até lançar uma candidatura independente. Mas o PTB também pode vir a ser o “porto seguro” de Eduardo, no caso de fracassar o seu movimento de conquista do PSDB.
Mesmo sem bases formais em Ubatuba, o deputado federal Clodovil Hernandez, se for provocado, pode trocar Brasília pelo Paço Anchieta. Para quem não sabe, Clodovil tem mais interesse em transformar Ubatuba em um ícone de beleza e luxo, em uma referência em turismo e em cultura, do que ser apenas mais um deputado no Congresso Nacional, principalmente diante das pressões que enfrentará.
Além destes, acredita-se na possibilidade de uma candidatura própria no PSB, que não seria a do vereador Charles Medeiros. Medeiros só será candidato no caso de um grande pacto de oposição. O vereador não parece disposto a trocar uma confortável reeleição por uma aventura, ainda mais com a possibilidade de estar ajudando Eduardo César a reeleger-se. Podem também concorrer ao cargo majoritário, os vereadores Gerson de Oliveira (PMDB) e Ricardo Cortes (PV ?), se incentivados ou instados a colaborar com a estratégia de César, como veremos a seguir.

...Não espera acontecer

Para Eduardo César, que continua costurando seu arco de alianças e administrando seus aliados de todas as tendências no entorno do manto protetor da máquina administrativa, quanto mais candidatos majoritários lançados melhor. Da mesma forma que Ramos apostou no divisionismo em 2004, Eduardo deposita todas as suas fichas em um número recorde de candidatos. No entendimento dele, e de seu grupo de apoio, já há um número de votos consolidados, algo próximo a seis mil, medidos nas eleições de outubro de 2006, que o atual prefeito conseguirá manter até a eleição, superando uma oposição dividida, mesmo sob o fogo intenso da campanha eleitoral. Afora Charles Medeiros (que esteve por mais de um ano convivendo próximo ao atual prefeito e de seus assessores), Gerson e Dr. Ricardo (estes, porque são interlocutores privilegiados), os demais parecem que não atentaram para esta estratégia.

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