Opinião

“Política e políticos”

Corsino Aliste Mezquita
No magistério, de Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e de Filosofia, dedicávamos algumas aulas à discussão da importância da participação do cidadão na política e da análise consciente e sem paixões e torcidas, dos candidatos que solicitam o voto e aspiram a exercer o poder em nosso nome.
Partindo do princípio que: “Política é o processo de formação, distribuição e exercício do poder”, refletíamos que, na ação política, dos que exercem o poder, podem ser identificadas duas atitudes básicas:
-Ação política de interesse público que se caracteriza pelo uso do poder social com a finalidade de alcançar o BEM COMUM da maioria do povo e preservar e desenvolver o patrimônio comum da cidadania.
-Ação política de interesse particular, que se caracteriza pelo uso do poder social em benefício de pessoas ou grupos privilegiados, desprezando-se o bem comum, a ética, a moral e a própria lei.
Nunca foram necessárias grandes pesquisas para identificar em qual dos dois grupos encaixam a maior parte de nossos políticos. Neste quadrante de nossa história de convivência com sanguessugas, mensaleiros, presidentes turistas e que não sabem de nada, imunidades, privilégios, impunidades, calúnias, acusações inventadas de crimes inexistentes, ações polícias acompanhadas de repórteres globais para fazer acreditar ao povo menos informado e reflexivo que todos os bandidos, fraudadores, traficantes de drogas, de trabalhadores, de emigrantes, de rapazes e moças de programa, etc. etc. estão presos e vivemos o melhor momento de nossa história, o enquadramento dos políticos está evidente.
Pensando em que a eleição presidencial está se assemelhando ao delírio publicitário que precedeu a “Copa do Mundo da Alemanha” e que a ressaca dos próximos quatro anos, dependendo do resultado, poderá ser bastante maior e mais sofrida que a vivida após o jogo contra a França, propomos, para reflexão, o:


“Analfabeto político”
Bertolt Brecht
“O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha,
Do aluguel, do sapato, do remédio, dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo
Que odeia a política.
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
O menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político
Vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos exploradores do povo”.


Nessa reflexão podemos acrescentar o primeiro parágrafo do artigo do general Carlos Meira Mattos:

“Nosso Exército” (Folha A3 de 25-08-06)

“O Brasil, atravessa, ninguém pode ignorar, um período desmoralizante para os principais órgãos do poder público. A corrupção envolveu a cúpula do Executivo, chegou a ponto de desmanchar o Legislativo, enche de manchas vários setores do Judiciário, atinge de males infecciosos governos estaduais e municipais e, com raríssimas exceções, destrói a confiança em empresas estatais. Fora dos órgãos públicos, até as instituições religiosas, que eram um esteio de moralidade e de bons costumes, estão contaminadas.
Diante desse quadro vergonhoso, merece uma apreciação justa o comportamento irrepreensivelmente limpo, sem nenhuma nódoa de nosso Exército, cumprindo seus deveres constitucionais de defesa nacional e de segurança interna (estendemos essa mesma apreciação a nossa Marinha e à Força Aérea).”
Como comentário final afirmamos que, em quarenta e cinco anos de Brasil, nunca observamos a presença, com tanta intensidade, dos produtos que Bertolt Brecht registra como frutos do exercício do poder na procura do bem particular ou de grupos: ignorância política, prostituição, menor abandonado, assassinatos, latrocínios, corrupção dos exploradores do povo e de seus lacaios.
Observemos nossos políticos, também ou, principalmente, os locais, e pensemos antes de votar.
Torcidas apaixonadas, seja por ideologia ou por interesse particular, não constroem o Brasil grande que os cidadãos de boa vontade desejam.

Comentários

Anônimo disse…
Só prá constar, a definição entre aspas é de Abraham Kaplan.

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