“PASSIVIDADE NA DEFESA DA CIDADANIA”

Corsino Aliste Mezquita
É crônica a passividade, completa a resignação e quase mística a conformidade, de nosso povo, frente às injustiças sociais, a corrupção e os desmandos dos governantes. São poucos os cidadãos que tem coragem, de exercer sua cidadania e reivindicar, dos ocupantes do poder, ética, honestidade, respeito aos cidadãos e a correta aplicação do dinheiro público. Até, quando algum cidadão, em cargo político, pratica as virtudes que todos os políticos deveriam ter e, quase nunca, possuem, sofre de calúnias, difamações, injúrias para que, usando de manobras desviem a atenção e não apareçam as mazelas e supostas corrupções dos governantes de plantão. Para ajudar, nessa tarefa, não costumam faltar sanguessugas parasitárias que vendem sua alma para segurar seus cargos.
Como coletividade não temos consciência de que, o respeito aos direitos humanos, a distribuição equânime da riqueza, o bom uso do dinheiro público e a verdadeira democracia nunca foi “DÁDIVA DO ALTO”. É, sim, conquista das sociedades vigilantes e aguerridas na defesa de seus direitos.
Essa falta de consciência social e exercício da cidadania deve-se a múltiplos fatores. Provavelmente o mais relevante seja a falta de conhecimento dos direitos e dos deveres e de como reivindica-los e defende-los.
À falta de conhecimento podemos acrescentar alguns traços culturais de nosso povo. Em retrato caricato poderíamos assim defini-los:
A – Aqueles que não estão nem ai e querem que os outros reivindiquem e lutem pelos seus direitos e resolvam seus problemas. Quando o poder público lhes dá uma esmola já estão satisfeitos.
B – Os que pensam que se estiverem no poder fariam a mesma coisa. Estes não querem incomodar o poder esperando a sua vez. Não incomodando agora eles não serão incomodados depois. Neste item fiquei estarrecido lendo uma pesquisa do IBOPE. “Indagados sobre se tirariam algum proveito indevido do poder caso tivessem algum cargo público, 60% dos entrevistados afirmaram que empregariam familiares e 43% que aproveitariam viagens oficiais para lazer.”(Gilberto Dimenstein. Folha C8 de 16-04-06).
Conclusão óbvia: 60% de nossa sociedade é corrupta!.
C – O medo a perseguições, serem processados, caluniados, difamados... faz que, parte dos cidadãos, não se exponham e tenham conversas indignadas nas esquinas, nas reuniões familiares, nos balcões dos bares. Sua atitude não pode ser elogiada mesmo que, em certo sentido, colaborem para criar algum tipo de consciência social.
D – Sobra um ou outro idealista, destemido, quixotesco que arrisca os raios e trovões do poder para procurar a verdade e o bem público. Estes, vez por outra, ficam sós e cansam de serem sacos de pancadas. Pancadas ministradas usando do dinheiro público e das estruturas do poder. Podem até não desistir, mas, certamente, esmorecem, nas suas lutas pela racionalidade, o bem público e a justiça. Restam alguns idealistas contumazes que adotam o conselho de Paulo aos Romanos: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem”.(Romanos, 12 –25). Destes, o Brasil, está precisando para superar a crise ética que enfrenta, nos Três Poderes. Da União, dos Estados e Municípios.
Ubatuba é, um retrato três por quatro, da caricatura que apresentamos acima. Todos os dias assistimos, a fatos, que o confirmam. Certamente é, por isso, que temos tantos problemas e vamos ficando, para trás, em nível regional.

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