Opinião

Suplicy na forca

Comentário da cientista política Lucia Hippolito na CBN:
"Mais um emocionante capítulo da guerra paulista vai se construindo, com motivações e repercussões nacionais.
Nas eleições de 2004, Lula jogou todas as suas fichas na reeleição de Marta Suplicy. São Paulo foi transformado pelo PT e pelo governo Lula na “mãe de todas as batalhas”.
Para enfrentar esse rolo compressor, o PSDB apresentou um de seus melhores quadros. E o resto é história. José Serra deu uma surra em Marta, e a derrota em São Paulo dói nos petistas até hoje.
Nessas eleições de 2006 o quadro é semelhante: apenas a disputa se transferiu para o governo estadual. Até os candidatos podem ser os mesmos: pelo PSDB, José Serra. No PT, disputam a vaga Marta Suplicy e Aloísio Mercadante, sendo que o presidente Lula parece preferir o senador Mercadante.
Mas as pesquisas estão dando uma vitória espetacular de Serra já no primeiro turno, independentemente do adversário.
É aí que o bicho pode pegar. O presidente Lula, que precisa desesperadamente da aliança com o PMDB para tentar se reeleger, se possível no primeiro turno, inventou agora a candidatura do deputado Aldo Rebelo ao governo de São Paulo. Lula ficaria com dois palanques no estado, um do PT e outro do PCdoB, e jogaria tudo para tentar levar a eleição paulista para o segundo turno.
Acontece que esta é uma operação delicada, porque passa por uma aliança entre Aldo Rebelo e... Orestes Quércia! Isto mesmo. Quando a gente pensa que já viu tudo, aparece esta possibilidade de aliança inteiramente esdrúxula.
Aldo seria o candidato ao governo, e Quércia ao Senado, apoiado pelo governo Lula. OK. Falta combinar com o eleitorado.
Mas falta, sobretudo, combinar com o senador Eduardo Suplicy. Em 2006, só haverá eleição para uma vaga de senador.
E o mandato que termina é o de Suplicy. Em outros tempos, seria duro encontrar alguém que se dispusesse a uma derrota certa, pois a eleição de Eduardo Suplicy sempre foi considerada uma barbada.
O senador Suplicy foi um dos poucos petistas que não saiu chamuscado pela crise do mensalão. Mas, talvez por isso, parece ter desagradado profundamente o presidente Lula e as principais lideranças do PT.
Assim, um político de boa reputação como Suplicy, petista histórico, fundador do partido e um de seus militantes mais ativos, pode ser atirado ao mar em favor de uma aliança entre o PT, o PCdoB e o PMDB de Orestes Quércia.
Não é por nada não, mas é muito estranho este modo petista de fazer política sacrificando um de seus melhores nomes."

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