Editorial

Conjuntura maluca

O Vale do Jequitinhonha é uma das regiões mais pobres e carentes do Brasil, quiçá do mundo. A região exporta gente, envia seres humanos para trabalhar onde existam condições favoráveis. Ubatuba conhece bem esse povo, de resto um povo trabalhador e honesto, que saiu de sua terra por não ter outra opção. É exatamente por isso que embora tendo total apreço pelos bolivianos e por todos os seres humanos que vivem em condições que possam ser classificadas de indignas, não concordo com a atitude inicial do governo brasileiro em relação ao enfrentamento do gás. O que me incomoda é o discurso, muito mais do que as ações. Sei que no final deverá prevalecer o bom senso. Antes de perdoarmos dívidas e aceitarmos confiscos de vizinhos pobres, seria importante eliminar a pobreza que assola parte considerável de nossa terra. Por outro lado, para que possamos viver em harmonia com as nações do mundo, das quais dependemos para existir, há que haver respeito por regras. Ou será o caos, a morte da civilização. Ninguém tem o direito de em nome de uma soberania que jamais foi contestada, infligir prejuízos aos outros. O líder venezuelano Chávez está por trás do embate. Recheado de dólares petrolíferos usa e abusa do direito de falar o que lhe vem à cabeça e interferir onde não é chamado. O Brasil não está em condições de arcar com o prejuízo que a Bolívia dá como certo. O dinheiro que a Petrobras investiu nas instalações bolivianas, mais de um bilhão e meio de dólares, estaria melhor se destinado ao desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha. Vamos extrair logo o gás abundante do Litoral de São Paulo e dar uma banana para Evo Morales. E outra para o Chávez. E de quebra uma também para o velhinho Fidel não ficar triste.

Sidney Borges

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