Garotinho em greve de fome

Atitude de Garotinho ameaça liberdade de imprensa, diz ANJ

Por Evandro Éboli, n'O Globo:
"O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Nelson Sirotsky, fez duras críticas ontem ao comportamento do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB), que desde domingo faz uma greve de fome em protesto contra os meios de comunicação que vem divulgando reportagens com denúncias de irregularidades em sua pré-campanha presidencial e no governo do Estado do Rio, comandado por sua mulher, Rosinha. Sirotsky classificou de demagógica a atitude de Garotinho, que realiza seu protesto na sede regional do PMDB, no Centro do Rio. — Lamento profundamente. Essa não é a postura de um político que é candidato a presidente da República. É uma atitude demagógica. Não contribui em nada. Passa longe da nossa discussão sobre aperfeiçoamento da liberdade de imprensa — afirmou o presidente da ANJ. Para Sirotsky, a greve de fome do ex-governador é uma ameaça à liberdade de imprensa. Segundo o presidente da ANJ, a iniciativa do pré-candidato do PMDB à Presidência é uma forma de manipular a informação e de pressionar os meios de comunicação. — Em vez de greve de fome, Garotinho deveria dar explicações. O que ele está fazendo é um absurdo e um equívoco, é uma ameaça à liberdade de imprensa. Imagina se desse resultado essa pressão que ele está fazendo sobre os meios de comunicação. Seria um desastre, uma ameaça à democracia — afirmou o presidente da ANJ."N'O Estado: "Sirotsky afirmou ontem (...) que a principal fonte de censura à imprensa no País hoje é o Poder Judiciário. 'Nossa preocupação hoje recai nas formas mais sutis, sofisticadas e, portanto, mais insidiosas', afirmou. Sirotsky disse que não há mais censura nos moldes tradicionais: a censura truculenta, que empastelava jornais, própria das ditaduras declaradas. 'Essa censura, essa interferência nos conteúdos da imprensa, tem acontecido de forma geral por ação do Poder Judiciário.' Para ele, são freqüentes as decisões judiciais que impedem a veiculação de informações, opiniões e conteúdos de interesse público. Ele lembrou que as sentenças são tomadas pelas primeiras instâncias do Judiciário, sendo quase sempre reformadas por recursos, exatamente por ferir a Constituição, que proíbe a censura."

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