Coluna do Celsinho

Santa fria

Celso de Almeida Jr.
Nada mais perigoso do que um arroubo juvenil.

Assumir compromissos que julgamos dar conta, para depois perceber que o fardo estava além de nossas possibilidades.

Tudo indica que esse é o doloroso resultado da “intervenção” da prefeitura na Santa Casa.

Lembro como foi esquisita a tomada do controle, valendo-se de uma postura que - querendo ou não - lançou dúvida sobre a competência dos gestores da época.

Quem acompanhou a história de nosso único hospital sabe que, na grande maioria das vezes, tivemos provedores e administradores abnegados, realmente dedicados à causa pública, que sofreram na busca do difícil equilíbrio das contas.

Por isso, pairou a incerteza sobre a decisão da prefeitura de assumir a responsabilidade administrativa.

A questão era falta de gestão ou falta de dinheiro?

Estávamos optando pela melhor alternativa?

A dúvida aumentou quando, na sequência, iniciou-se uma série de demissões, atingindo profissionais com muitos anos de vínculo, revelando certa despreocupação com os desdobramentos trabalhistas.

Ora, qualquer empresário mediano sabe a fria que representa mandar para o espaço os direitos conquistados por seus funcionários.

A legislação trabalhista, contrastando com outras áreas jurídicas é objetiva, direta, oferecendo rigorosos mecanismos de proteção, permitindo decisões com relativa rapidez.

Com isso, a dívida da Santa Casa foi ampliada, comprometendo ainda mais, num curto prazo, o seu patrimônio.

Mas - pergunto aos especialistas do direito - com o envolvimento da prefeitura e todas as decisões decorrentes a partir de então, o município passou a ser co-responsável pela dívida?

E os agentes públicos?

São devedores solidários?

Confesso que fiquei esperançoso com o anúncio do envolvimento da Cruz Vermelha no processo, para contribuir na correção de rumo.

Afinal, a prefeitura alimentou a expectativa de que a Santa Casa poderia contar com a participação desta respeitada entidade.

O anúncio foi feito com pompa e circunstância, dando a entender que tudo estava bem articulado, adiantado, bem ajustado.

Infelizmente, as últimas notícias começam a revelar que podemos estar diante de um grande jogo de cena.

Se isto for comprovado, teremos desdobramentos graves que exigirão apuração de responsabilidades.

E, inevitavelmente, ficaremos expostos a mais um vexame.

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Comentários

Anônimo disse…
Se analisarmos friamente, veremos que todo ato de intervenção tem absolutamente, em seu contexto, objetivos políticos. Sempre com a probabilidade maior de dar errado. Inserir um terceiro gestor, como anunciado, não resolve nada. A intervenção continua. A provedoria da instituição, se agir sabiamente, somente poderá aceitar a retomada da gestão, quando todos os problemas apontados no ato intervencionista estiverem sanados.Já pararam para pensar no tamanho do abacaxi que está nas mãos do Executivo. Nem uma legião inteira de Super Heróis dará conta.
sidney borges disse…
O cerne da questão está colocado no comentário: "A provedoria da instituição, se agir sabiamente, somente poderá aceitar a retomada da gestão, quando todos os problemas apontados no ato intervencionista estiverem sanados". Eu não teria escrito "agir sabiamente" pois é um julgamento dentro da análise. O problema é o dinheiro, como disse bem "Deep Throat" decretando o fim dos debates ideológicos. Enquanto houve dinheiro soviético, Cuba foi de fato um paraíso. A Santa Casa tem um buraco crescente que gira em torno de 30 milhões de reais. A prefeitura não tem dinheiro para pagar a conta. Criam-se então factóides para fugir à realidade. A Cruz Vermelha é um desses momentos de rara inspiração, como foi a derrubada da árvore mediante laudo duvidoso, fato amplamente denunciado. Sempre é bom lembrar que o homem público apanhado na mentira pode sofrer processo de cassação. Desde que alguém investigue. Em Ubatuba é pedir muito. Apesar de tudo aqui existe Ministério Público.
Anônimo disse…
É a maior falta de respeito com o ser humano, um prefeito que foi eleito pêlo povo montar um circo deste tamanho e achar que a popúlação é o palhaço.Onde está a moral,ética e a justiça. é de se espantar com liberdade que o prefeito tem de desrespeitar o povo e a justiça. Nasci em Ubatuba á 53 anos, e nunca antes vi acontecer o que está acontecendo nessa cidade de 2005 até hoje.

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