Opinião
Sem explicar o apagão
Editorial do Estadão
Ao afirmar que "se aconteceu uma vez, quer dizer que pode se repetir", o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, admitiu que o sistema elétrico brasileiro não está livre de novos apagões, embora o risco "seja remoto". Enquanto isso, continua sem explicações o colapso de 10 de novembro, embora não tenham faltado sugestões sobre o que é necessário fazer para aprimorar o modelo elétrico do País.
O diretor-geral do ONS é um profundo conhecedor do sistema, mas preferiu declarar ao Estado que não sabe nem fará especulações sobre quais foram as verdadeiras causas do apagão que provocou prejuízos para a produção e a queima de milhares de aparelhos elétricos e eletrônicos.
O que sabe, e foi repetido na entrevista, é que três curtos-circuitos quase simultâneos desligaram as linhas que transportam a energia de Itaipu, a maior fornecedora de eletricidade para São Paulo e os principais polos econômicos. Mas não são conhecidas as causas dos curtos-circuitos.
Um relatório está para ser apresentado por um grupo que assessora o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas, segundo reportagem do Estado de segunda-feira, o Ministério de Minas e Energia só o divulgará no dia 16 de dezembro.
O argumento central do ONS é que o sistema elétrico não será reforçado para evitar novos apagões, pois isto corresponderia a "fazer praticamente um sistema redundante", o que "é antieconômico".
As explicações fornecidas pelo ONS são de caráter técnico. Por exemplo, a de que se repetiu, há pouco, uma situação descrita como "colapso de tensão", semelhante à que ocorreu nos blecautes de 1999 e 2002, "quando a tensão vai a zero ou quase zero". Nesses casos, resta ao ONS definir parâmetros para evitar a ocorrência do evento, além de adotar medidas que evitem o efeito dominó - o apagão geral - se o evento for inevitável. E, ainda, preparar-se para reduzir o tempo de recomposição do sistema. A questão central está na necessidade de "ilhamento" - ou seja, de preservar o fornecimento de eletricidade para outras regiões, em caso de colapso em uma delas. A França, por exemplo, fez o "ilhamento" definindo especificamente o local onde devem ser instaladas as geradoras de eletricidade, que receberam estímulos financeiros para se instalar na área determinada. O objetivo dessa política é evitar que um colapso localizado seja capaz de atingir vastas regiões, como ocorreu com Itaipu.
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Ao afirmar que "se aconteceu uma vez, quer dizer que pode se repetir", o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, admitiu que o sistema elétrico brasileiro não está livre de novos apagões, embora o risco "seja remoto". Enquanto isso, continua sem explicações o colapso de 10 de novembro, embora não tenham faltado sugestões sobre o que é necessário fazer para aprimorar o modelo elétrico do País.
O diretor-geral do ONS é um profundo conhecedor do sistema, mas preferiu declarar ao Estado que não sabe nem fará especulações sobre quais foram as verdadeiras causas do apagão que provocou prejuízos para a produção e a queima de milhares de aparelhos elétricos e eletrônicos.
O que sabe, e foi repetido na entrevista, é que três curtos-circuitos quase simultâneos desligaram as linhas que transportam a energia de Itaipu, a maior fornecedora de eletricidade para São Paulo e os principais polos econômicos. Mas não são conhecidas as causas dos curtos-circuitos.
Um relatório está para ser apresentado por um grupo que assessora o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas, segundo reportagem do Estado de segunda-feira, o Ministério de Minas e Energia só o divulgará no dia 16 de dezembro.
O argumento central do ONS é que o sistema elétrico não será reforçado para evitar novos apagões, pois isto corresponderia a "fazer praticamente um sistema redundante", o que "é antieconômico".
As explicações fornecidas pelo ONS são de caráter técnico. Por exemplo, a de que se repetiu, há pouco, uma situação descrita como "colapso de tensão", semelhante à que ocorreu nos blecautes de 1999 e 2002, "quando a tensão vai a zero ou quase zero". Nesses casos, resta ao ONS definir parâmetros para evitar a ocorrência do evento, além de adotar medidas que evitem o efeito dominó - o apagão geral - se o evento for inevitável. E, ainda, preparar-se para reduzir o tempo de recomposição do sistema. A questão central está na necessidade de "ilhamento" - ou seja, de preservar o fornecimento de eletricidade para outras regiões, em caso de colapso em uma delas. A França, por exemplo, fez o "ilhamento" definindo especificamente o local onde devem ser instaladas as geradoras de eletricidade, que receberam estímulos financeiros para se instalar na área determinada. O objetivo dessa política é evitar que um colapso localizado seja capaz de atingir vastas regiões, como ocorreu com Itaipu.
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