Cautela

Viver é perigoso

Sidney Borges
Sempre escutei dos mais velhos que é preciso ter cautela. Andar com cuidado e prestar atenção onde os pés são colocados. Os gringos aconselham: "watch your back", mas nem sempre seguir conselhos adianta. Viver é efetivamente perigoso.

Fiquei sabendo pela televisão da história de um senhor que nunca nadou por medo de água.

Coisa cármica, por precaução nasceu em Belo Horizonte, longe do mar e da Lagoa da Pampulha.

A convite da filha saiu a passear com a mulher no conforto moderno de um automóvel. Com ar condicionado, o calor está insuportável.

Entre prédios apressados e praças caminhantes começou a chuva. Chuva ruim, sem poesia, sem balanço. Sem molhar amores.

O mar se transportou caudaloso para as ruas da capital mineira, ou teria sido o Rio Amazonas?

Vivendo com temperança, poupança e caldo de galinha, ao longo de mais de setenta anos, o homem que nunca foi às águas sentiu as águas do destino chegando.

No livro supremo, aquele que contém as palavras que foram ditas, que estão sendo usadas e que ainda não foram inventadas, lia-se uma referência ao mar turbulento do sertão.

O homem cauteloso morreu afogado.

Terá outra chance? Teremos nós?

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