Política

Usar Lula na TV ''tem peso zero'', diz especialista

Diretor de instituto diz que horário eleitoral é decisivo, mas marqueteiros ainda não sabem como aproveitá-lo

Guilherme Scarance
O horário eleitoral gratuito influencia - e muito - a opinião do eleitor, mas é uma ferramenta mal usada, por falta de foco e de compreensão do ponto de vista do eleitor. Quem avalia é o diretor do Instituto Análise, Alberto Carlos Almeida, autor de livros como A Cabeça do Brasileiro e A Cabeça do Eleitor e Por que Lula?, além de doutor em ciência política e professor universitário. "A exposição é maior e atinge mais gente. Então ele, de fato, é responsável por muitas mudanças de voto", assinala.

Para o especialista em pesquisas e assessoramento de campanhas, os marqueteiros erram ao apostar no prestígio de personalidades, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para alavancar a popularidade de candidatos ao longo das eleições municipais. "Tem peso zero", garante. A seguir, a entrevista que concedeu ao Estado:

Qual é a importância do horário eleitoral gratuito no cenário atual?

Todos os elementos de comunicação são importantes. Debates, horário eleitoral gratuito e a campanha de rua são importantes. Agora, o horário eleitoral gratuito é mais importante, porque a exposição é maior e atinge mais gente. Então ele, de fato, é responsável por muitas mudanças de voto que vão acontecer agora. Exemplo: existem prefeitos muito bem avaliados cujos candidatos têm votação fraca. Com o horário eleitoral gratuito, o eleitor que quer continuidade, que não sabe quem é o candidato da continuidade, votará no candidato do prefeito.

O horário eleitoral pode tornar popular um político desconhecido?

Não. Eu tenho isso mapeado. Você não aumenta o nível de conhecimento durante a campanha. Isso é um grande achado e ninguém fala isso porque nunca montou esses dados. Eu não falava isso há um mês atrás, quando montei os dados. Eu achava que aumentava, mas é errado.

O sr. pode explicar melhor?

O nível de conhecimento que tem no início da campanha será o mesmo no fim. O nível de conhecimento aumenta no decorrer da vida política, depois de 1 ano, 2 anos, depois que disputa várias eleições, depois que é eleito deputado e é atuante. É um processo, não um evento isolado. E a campanha é um evento isolado, parte de um processo mais longo, de construir imagem de um candidato. O candidato pouco conhecido pode até ganhar a eleição, mas em circunstâncias extremadas.

Quais são elas?

Na maioria das vezes o candidato tem menos votos que o seu nível de conhecimento. A grande maioria, 90%, têm menos votos que o nível de conhecimento. Ter mais votos que o nível de conhecimento só em duas situações extremadas. Número 1: governo muito bem avaliado e prefeito pede para votar no candidato dele. O eleitor vota, mesmo não conhecendo bem, para dar continuidade. Número 2: um governo muito mal avaliado e o candidato de oposição desconhecido, que cresce e vence.
Leia mais

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu