Opinião
Inflação e mistificação
Editorial do Estadão
A inflação continua a subir, o aumento do custo de vida ameaça superar a meta e os últimos indicadores de preços parecem haver assustado o presidente da República. Não é para menos, quando os preços ao consumidor medidos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) acumulam alta de 3,05% no ano e 5,59% em 12 meses. E o quadro ainda pode piorar, porque os preços por atacado aumentaram 15,36% nos 12 meses terminados em maio e parte dessa pressão pode acabar desembocando no varejo. Motivo para inquietação não falta, mas, por enquanto, só o Banco Central (BC) se mostra seriamente empenhado em conter, por meio da elevação de juros, a onda de aumentos. A reunião ministerial comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nessa segunda-feira, poderia ter sido o início de uma ação conjunta em defesa do poder de compra das famílias. Mas a reunião não foi além da encenação habitual, com algumas declarações de boas intenções, alguns equívocos e muita mistificação.
É fácil falar da inflação como fenômeno global, chamar a atenção para as cotações dos produtos básicos e apontar o encarecimento da comida. Mas isso não basta para indicar a solução nem para isentar o governo de sua responsabilidade. A praga dos aumentos vem-se espalhando com rapidez. Mais de 60% dos preços ao consumidor têm subido, como revelam os graus de difusão calculados pelos especialistas. Há problemas de custos e de especulação internacional, mas há também, no Brasil, uma inegável pressão de demanda, causada em boa parte pelos gastos do governo.
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Executivo federal já contribui para a política antiinflacionária. Sua contribuição consiste em elevar de 3,8% para 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) o superávit primário programado para o ano. Mas o resultado primário, a diferença entre receitas e despesas não financeiras do setor público, já estava em 4,23% nos 12 meses terminados em abril. Isso decorreu principalmente do aumento da arrecadação e está longe de refletir uma compressão dos gastos. Mistificação evidente: o governo dá como consumado seu engajamento fiscal no combate à inflação, sem ter, no entanto, iniciado o menor esforço para isso.
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Editorial do Estadão
A inflação continua a subir, o aumento do custo de vida ameaça superar a meta e os últimos indicadores de preços parecem haver assustado o presidente da República. Não é para menos, quando os preços ao consumidor medidos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) acumulam alta de 3,05% no ano e 5,59% em 12 meses. E o quadro ainda pode piorar, porque os preços por atacado aumentaram 15,36% nos 12 meses terminados em maio e parte dessa pressão pode acabar desembocando no varejo. Motivo para inquietação não falta, mas, por enquanto, só o Banco Central (BC) se mostra seriamente empenhado em conter, por meio da elevação de juros, a onda de aumentos. A reunião ministerial comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nessa segunda-feira, poderia ter sido o início de uma ação conjunta em defesa do poder de compra das famílias. Mas a reunião não foi além da encenação habitual, com algumas declarações de boas intenções, alguns equívocos e muita mistificação.
É fácil falar da inflação como fenômeno global, chamar a atenção para as cotações dos produtos básicos e apontar o encarecimento da comida. Mas isso não basta para indicar a solução nem para isentar o governo de sua responsabilidade. A praga dos aumentos vem-se espalhando com rapidez. Mais de 60% dos preços ao consumidor têm subido, como revelam os graus de difusão calculados pelos especialistas. Há problemas de custos e de especulação internacional, mas há também, no Brasil, uma inegável pressão de demanda, causada em boa parte pelos gastos do governo.
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Executivo federal já contribui para a política antiinflacionária. Sua contribuição consiste em elevar de 3,8% para 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) o superávit primário programado para o ano. Mas o resultado primário, a diferença entre receitas e despesas não financeiras do setor público, já estava em 4,23% nos 12 meses terminados em abril. Isso decorreu principalmente do aumento da arrecadação e está longe de refletir uma compressão dos gastos. Mistificação evidente: o governo dá como consumado seu engajamento fiscal no combate à inflação, sem ter, no entanto, iniciado o menor esforço para isso.
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