Pensata

Progresso avassalador

Sidney Borges
Fico imaginando o dia em que os carros serão tantos que não haverá espaço nas ruas para que se movimentem. São Paulo se aproxima velozmente desse porvir nada glorioso. O que fazer? Sinceramente eu não arrisco um palpite, não tenho dados para propor uma solução que não seja radical. O carro como forma de transporte urbano é um contrasenso. No entanto é difícil, quase impossivel viver em São Paulo sem ter carro. O sistema de transportes coletivos não atende à demanda, faltam linhas de metrô, faltam vias expressas. E o pior é que os carros emitem gases que contribuem para o aquecimento global. Novas formas de produção de energia estão na boca do forno, mas não serão viáveis antes de 2020. No começo da década de 1960, James Lear, dono da fábrica de jatinhos Learjet resolveu aperfeiçoar o motor a vapor, cujo desenvolvimento ficou estagnado quando o motor de combustão interna se tornou economicamente viável. No início a iniciativa foi aplaudida e incentivada, mas quando o carro de Lear começou a fazer tempos semelhantes aos dos vencedores de Indianápolis, consumindo 10% do combustível, acendeu-se a luz da desconfiança na indústria petrolífera. Primeiro proibiram Lear de competir em Indianápolis. Ele não desistiu, construiu uma pista ao lado da fábrica de aviões e continuou a pesquisa. O que aconteceu depois não é muito claro, mas sabe-se que o desenvolvimento parou e tempos depois Lear morreu em circunstâncias misteriosas. De suas pesquisas ninguém mais ouviu falar. O carro está associado ao "american way of life", que parece atraente nos filmes, mas produz quantidades incomensuráveis de malucos que compram, compram, compram... Consumo, logo existo, esse é o lema que precisa ser repensado, já que a maior parte do que é consumido não é essencial à vida e serve apenas para aplacar o imenso vazio de existências vazias.

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