Panoramix

Eu acredito em duendes

Sidney Borges
Tem coisas que me intrigam por serem de fato intrigantes, vejam se não tenho razão. Vocês todos conhecem o druida Panoramix, criador da poção mágica que dá força aos habitantes da aldeia da Gália. Aquela que desafia a poderosa Roma de Júlio César. É obvio que sim, meus leitores são cultos. Pois saibam que Panoramix tem um lado ecológico da maior importância. Faz sementes mágicas que seriam muito úteis na Amazônia do Minc. Sempre que uma árvore é derrubada basta jogar uma das tais sementes e, presto, surge outra árvore trincando de nova. Uma verdadeira maravilha. Aqui perto de casa tem um terreno cheio de mato. O dono passa o dia carpindo. Todos os dias. E o mato continua lá. Forte e verde como costuma ser o mato. Dá para imaginar que durante a noite algum duende faça uma duendice e o mato que foi cortado durante o dia se autodescorta, isto é volta a ficar do mesmo tamanho. Esse não é um problema meu e eu não estaria escrevendo estas linhas se a duendice não estivesse me afetando diretamente. Costumo dormir de lado, do lado esquerdo, e assim minha orelha direita fica solta no ar. Há muito tempo venho notando o crescimento anormal de pelos no extradorso da mesma. Não quaisquer pelos, mas pelos especiais, de espessura muito superior a dos pelos comuns. Quando um deles surge pontudo e eu percebo, lá se vai o sossego. Enquanto não encontro uma pinça e o arranco não consigo concatenar as idéias. Felizmente tenho uma pinça especial para ocasiões transcendentais. É espanhola, foi comprada nas Ramblas de Barcelona de uma cigana do Egito. Por cortesia ela leu a minha mão e não parou mais de rir. Acabei de arrancar três pelos, amanhã eles estarão lá novamente, grandes, fortes e rijos. Preciso encontrar Dom Jafet que vende armadilhas para capturar duendes. Vou encher o quintal de ratoeiras. Esses verdinhos vão ver o que é bom pra tosse.

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