Brasil

Abram o microfone, aí vem o cantor!

Sidney Borges
Eu tenho apreço pelos humanos que caíram nas graças dos deuses e têm dons. Melhor ainda quando não imaginam ser eles próprios deuses. Costuma acontecer com freqüência. Obra e autor são coisas distintas, dou um exemplo: Edmund Wilson tinha o dom de escrever bem. E tinha como um de seus temas preferenciais as correntes políticas de esquerda nas quais incluía anarquistas e utópicos em geral que se posicionavam contra o establishment. Ninguém retratou tão bem a saga dos movimentos libertários, as derrotas, os sacrifícios, o idealismo e o sofrimento de tantos abnegados que deram a vida pela causa antes que Lênin descesse na Estação Finlândia para tomar o poder. No entanto eu não sugeriria a um comunista que convidasse Wilson para a sua mesa, apesar de tratar bem do tema esquerdas ele as odiava, era conservador, reacionário, um autêntico direitista. Edmund Wilson é um exemplo a ser observado, como eu disse antes nunca se deve confundir a obra com o autor. Nem sempre dançam no mesmo compasso. Por falar em Wilson, logo abaixo está postada uma música que fez muito sucesso na voz de Wilson Simonal. Digam o que quiserem dele, que foi dedo-duro, amigo de policiais do DOPS, que entregou colegas, para mim nada disso tem importância. Eu gostava do balanço, do swing, da malemolência e da técnica apurada de uma das mais belas vozes da música brasileira. Um cantor fenomenal que teve o azar de nascer em época errada. Wilson Simonal.

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