Editorial

Cuba e o Capitalismo

Com a saída oficial de Fidel os jornais estampam as mais variadas opiniões sobre Cuba. Desde Frei Betto, que afirma “capitalismo jamais” até ex-agentes da CIA que procuram terrenos para instalar Mac Donalds. São os extremos, o bravo religioso exibe sua fé inquebrantável no comunismo, os capitalistas no mercado, eu me abstenho de fazer previsões, mas posso traçar um paralelo entre as conquistas cubanas e as brasileiras, pois apesar do derrotismo, o Brasil avançou desde que Fidel e sua tropa desceram a Sierra Maestra.
O que sei sobre Cuba se baseia em leitura e ainda que eu tivesse visitado o país, isso pouco acrescentaria. Para conhecer um povo é preciso conviver com esse povo. Ubatuba é um exemplo que posso citar, visito a cidade desde o final da década de 1960, mas só passei a saber detalhes significativos dela após 2001, quando passei a morar nela.
Em minhas andanças pelo mundo conheci muitos cubanos e com eles aprendi sobre a Ilha, melhor ouvir o que um crítico tem a dizer do que ler loas de admiradores fanáticos. Alguns exilados, críticos severos do sistema fizeram elogios ao comandante Fidel.
Saúde e educação, eis o binômio que tirará o Comandante dos domínios do canhoto. O quesito saúde não me emociona, países capitalistas têm serviços equivalentes ou melhores do que o cubano, o próprio Brasil não fica muito atrás, mas sobre educação vale à pena traçar alguns comentários.
O sistema cubano é democrático e dá oportunidade a todos. Baseando-se em meritocracia e longe do politicamente correto, permite aos cubanos de talento amplo acesso ao conhecimento. Fidel sabia que um país que tem o povo educado possui um capital inestimável, base para o desenvolvimento.
No entanto, em áreas da maior importância o Brasil, apesar das desigualdades, aproveitou melhor do que Cuba os talentos que afloraram. A Embrapa pode exemplificar o que estou dizendo. O incontestável sucesso brasileiro na agricultura é fruto de pesquisas e trabalho científico dessa empresa modelar. O resultado é computado nas contas nacionais.
Cuba tem na indústria açucareira o carro chefe da economia, o Brasil conseguiu melhores resultados no setor. Por que? Porque aqui há mais investimentos, há mais dinheiro.
Os avanços cubanos são uma conquista que vai perdurar para sempre, no entanto o atraso visível em infra-estrutura vai demandar grandes aportes de capitais para ser sanado.
Com dinheiro e educação o desenvolvimento é certo, apenas com dinheiro pode-se até comprar profissionais com educação. Apenas com educação o processo desenvolvimentista não acontece, ou demora muito a acontecer.
Com as devidas desculpas ao bravo religioso Frei Betto, Cuba vai sim adentrar ao capitalismo. Não há outra saída, o comunismo está morto e enterrado há vinte anos e ainda há quem imagine que possa ressuscitar. Coisa de fé. Contra a fé não há argumentos.


Sidney Borges

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