Thomas

Renda Portuguesa

Numa das fases difíceis da escola, liguei para o Thomas. Não demorou, o Gurgel estacionou no pátio. Expus minhas dificuldades financeiras e os planos que defini para buscar novos parceiros. Solidário, compartilhou seu pensamento confortando-me e incentivando-me. Sobre os negócios, o assunto parou aí. Bravo, como ainda não tinha visto, repreendeu-me pelo estado da Renda Portuguesa, abandonada num vaso no corredor principal. Com um canivete, afofou a terra, buscou uma jarra, deu a umidade que a planta implorava. Imediatamente, apresentei minhas desculpas. Foi o suficiente. Sorrisos, um abraço e um aperto de mão encerraram aquele encontro. Refleti muito sobre o gesto do Thomas. Estaria ali o meu problema? Mergulhado nas estratégias administrativas mais complexas, eu deixei de lado o zelo com as coisas que realmente importavam. Além daquela planta, quantas outras vidas estavam carentes dos meus cuidados, da minha atenção, incluindo a minha? Hoje, quando soube da morte do Thomas, não poderia deixar de alguma forma rememorar uma das passagens com o amigo querido. Na entrada da sala onde trabalho a Renda Portuguesa está lá, bonita. Ele, de certa forma, também.

Celso de Almeida Jr
Colégio Dominique

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