Editorial

Da arte da política

Quais as qualidades que um político precisa ter para ganhar eleições? Se você fizer essa pergunta as respostas brotarão caudalosas como a água que sai dos canos furados da Sabesp. Há quem diga que é necessário dinheiro. Eu concordo, sem dinheiro não se faz nada. Outros falam em capacidade administrativa. Eu também concordo. Para fazer uma pequena reforma em minha casa procurei um pedreiro experiente, para gerir minha cidade vou querer um bom administrador. Muitos falam em capacidade de trabalho. Por óbvio. É fudamental que o futuro “dono do poder” tenha apetite para o basquete. Ninguém gostaria de ver a filha casada com um vagabundo. O perfil do vencedor, segundo a “Vox Populi”, pode ser assim definido:

a) Deve ter dinheiro suficiente para não cair em tentação;
b) Deve ter experiência em administração pública, se não o tiver ao menos que tenha experiência em administrar alguma coisa, ainda que seja a fortuna herdada.
c) Deve ser trabalhador.


Em 1986 Antônio Ermírio de Moraes foi candidato a governador de São Paulo. Dos postulantes era disparado o mais rico e tinha grande experiência administrativa. Sobre ser trabalhador nem é preciso comentar, é sabido que o homem é viciado na coisa. Dá expediente o dia inteiro em suas empresas e depois descansa gerindo a Beneficiência Portuguêsa, um dos maiores hospitais do país. Também vale ressaltar a reputação de homem honesto e dedicado à família que Antônio Ermírio granjeou ao longo da vida.
Antônio Ermírio de Moraes perdeu a eleição.

Ganhou Orestes Quércia que não era tão rico, não tinha experiência administrativa e sofria sérias desconfianças quanto ao quesito honestidade. Entre eles havia uma pequena diferença que resultou na vitória de um e no fim das pretensões políticas do outro.
Quércia é político, conhece os meandros da arte.
Política embora pareça fácil, não é, melhor dizer, não é coisa para principiantes. Política é jogo de equipe, não é praia de individualistas. Política é ouvir o que as pessoas têm a dizer e tirar o melhor de quem sabe. Política é esporte coletivo, ninguém vence sózinho. Enfim, quem pretende ser candidato e não se sente à altura dos adversários experientes, não deve esmorecer. Não saber é inerente à condição humana, todos somos ignorantes antes de aprender.
O que não é admissível é fazer o que Einstein classificava como burrice, ou seja, repetir a mesma experiência imaginando obter resultados diferentes. Pelo andar da carruagem é notório que Ubatuba sofre desse mal. Erra e quando percebe que fez lambança persiste no erro, imaginando que alguma coisa possa melhorar. Se não houver mudança no comando nada mudará, vai continuar tudo igual com grande chance de piorar. Pense em algo novo, não custa tentar.

Sidney Borges

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