Ubatuba

Heróicos brados caiçaras

O povo caiçara, talvez pela simplicidade que lhe é peculiar, em geral tem se mantido calado diante de uma série de contrariedades e até mesmo arbitrariedades que lhe tem sido impostas ao longo das últimas três décadas.
Não bastasse a gradativa destruição de seus valores culturais e a contingência de ver-se obrigado a conviver em meio a uma miscelânea cultural que lhe é estranha e quase sempre adversa, lhe vem sendo retiradas, aos poucos, numa perversidade diluída ao longo do tempo, a possibilidade de qualquer aproveitamento econômico de suas ancestrais propriedades e posses e as mais comezinhas alternativas de trabalho por uma sobrevivência digna.
Eis que, finalmente, algumas vozes caiçaras se levantam contra esse lamentável estado de coisas... Dois caiçaras, de famílias tradicionais de Ubatuba que aqui permaneceram “comendo o pão que o diabo amassou” em meio à debandada geral que rapidamente consumiu metade da população do município após a decadência econômica ocorrida nas décadas finais do Século XIX, finalmente quebraram o silêncio e manifestaram, com muita propriedade e legitimidade o que há muito se encontra entalado na garganta e na consciência de muitos (sobretudo daqueles que não têm nem mesmo acesso aos meios de comunicação).
Em face do exposto é que venho solicitar a gentileza de me permitir, por meio desse importante veículo de comunicação, parabenizar os caiçaras Ezequiel dos Santos e Claudionor Quirino dos Santos pela firme defesa dos interesses de nossa gente em seus brilhantes artigos, veiculados nesta data sob os títulos “Caiçara...” e “Apagão em Vila do Ubatumirim”, respectivamente. Estendo meus cumprimentos, também, ao Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Ubatuba que, dentro do mesmo espírito e senso de justiça e cidadania, hoje levaram avante a “Caminhada pela Dignidade e Respeito”!
Vocês hoje podem ir dormir tranqüilos o sono dos justos, com a serenidade da certeza do dever cumprido. Muito obrigado por suas iniciativas. Também eu e muitos outros de nossa gente, como caiçaras de antiga e boa cepa, graças a vocês, hoje teremos o prazer de poder dormir com a alma lavada...


Gilmar Rocha
Caiçara aculturado e agradecido

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