Análise

Exterminadores do futuro II

Se não cuidarmos não irá sobrar nada! A degradação ambiental está célere e, se não houver uma reversão, pouco sobrará para os nossos netos. É preciso preservar. Para preservar é preciso conscientizar. Para conscientizar é preciso, muito antes, educar. São muitas as organizações, são severas as legislações, são inúmeras as propostas. O clamor pela defesa da natureza é uma boa bandeira para qualquer outro objetivo, até mesmo os mais escusos. A fundamentação científica dos argumentos torna-se imprescindível. As paixões “a primeira vista” precisam ser abandonadas em nome da razão. A negação do crescimento vegetativo e migratório das populações tem causado “baixas” irrecuperáveis, tanto quanto a falta de uma política realística e corajosa, que produza e coloque a disposição dos atores as ferramentas necessárias para o enfrentamento do problema. A negação da existência deste fator (crescimento das populações) transfere e adia soluções tornando-os cada vez mais insolúveis em qualquer meio, muito mais nos quais se pretende “preservar”. Na prática, o modelo existente atesta sua incompatibilidade. Funciona como uma foto e, não como um filme. Como uma represa, contém um demanda (reprimida), sem propor alternativas, tapa os olhos para a realidade latente. Vide Manifestações pela regularização fundiária. Serão os manifestantes impedidos de procriar? Onde, dentro no município, nos oferecem espaços físicos disponíveis (suficientes) para a ocupação humana ( a garantir os direitos constitucionais de4 ir e vir, moradia, sustento etc) com alguma infra-estrutura? Qual as alternativas econômicas (sustentáveis) que nos propõe, para o “ganha pão”? Irão nos oferecer alguma ( como tantas outras) “bolsa preservação”? Toda preservação precisa priorizar o homem. Ele é o foco e a sua razão de existir. Imposições legais e as pressões de toda ordem das não governamentais do segmento que não levarem em conta a simples existência do homem local, suas necessidades matérias, espaciais e aspirações, estão fadadas ao fracasso. O resultado prático das restrições de ocupação existente é tapar o sol com a peneira. A punição radical tem sido tanto maior, quanto maior for o “IBOPE” alcançado com a ação. É circense. É preciso democratizar as decisões tomadas nos gabinetes refrigerados e trazê-las a tona da realidade. Aos locais (moradores) além das restrições é preciso oferecer alternativas exeqüíveis de sobrevivência e, um mínimo de qualidade de vida. Vamos parar de escrever, de ler e ouvir “poesias”. A nossa realidade é outra. Compatibilizar o uso com a preservação e a proteção ambiental, de forma realística e racional é sensato. Vamos priorizar o homem, principalmente aquele que vive no, e do local que se pretenda preservar. O que queremos (afinal) preservar para o futuro? A arquitetura de quatro andares dos prédinhos mal ajambrados da Praia Grande? Os quiosques embargados? O novo Prédio (nas Toninhas) da Colônia de Férias da Associação. Dos Funcionários do Estado de São Paulo (um verdadeiro CPD, um monumento ao mau gosto)? As disposições urbanas dos (já incontáveis) carrinhos de lanche? As esquinas tomadas por Churrasquinhos de Gato? A “nova” Feirinha Hippie? As incontáveis lojinhas de maiôs? Este é o modelo ( que recebemos pronto e frio) de desenvolvimento “sustentável” que nos é oferecido pelo estado? O que se pretende? A o pouco que resta da economia do município está combalida. Os meses de inverno são “congelantes”. Falta dinheiro para tudo. E como preservar o palmito com filhos pedindo pão? É preciso termos certeza de que estamos construindo um futuro melhor para os filhos desta terra. É preciso refletir sobre discursos inflamados de “haoles” oficiais ( ou não), que tem empregos e salários garantidos (pagos pelo estado) que acenam, impingem e propõe ações inexeqüíveis e inconseqüentes. Vamos olhar para o mundo ou para outros estados da União e, baseado em suas experiências de sucesso escolher e planejar nosso o melhor caminho. O caminho da preservação responsável. O nosso caminho. Somos menores? Incapazes? Precisamos de tanta tutela? Afinal, ainda não sabemos caminhar? O Plano Diretor poderá ser um marco de novos e melhores tempos.

Ronaldo Dias

A reportagem abaixo, na Revista Náutica deste mês, merece muita reflexão!

Onde vamos parar?
Já estão faltando vagas nas marinas, e não há outras sendo construídas.
Jets, veleirinhos, infláveis e lanchas pequenas podem ser rebocados e guardados em casa, sem maiores problemas. Mas, onde guardar os barcos maiores? Para quem não sabe, as vagas nas marinas e iates clubes do Brasil estão quase esgotadas, ao mesmo tempo em que a legislação ambiental praticamente proíbe a construção de novas marinas. Resultado: a indústria nacional cresce em ritmo acelerado, mas completamente fora de compasso do surgimento de vagas para seus produtos. Com isso, o mercado incha, e a indústria, inevitavelmente, se retrai. O motivo para tanto rigor na legislação deve-se à intransigência de parte das autoridades ambientais, que julgam as marinas como degradadoras do meio ambiente. Mas, será verdade? Ao que tudo indica, não... Pelo contrário, uma marina bem nascida até enriquece a vida aquática à sua volta. Além disso, aquelas ambientalmente corretas tratam todo o seu esgoto e têm estações de coleta de combustível e óleo, para evitar que, no caso de vazamento, eles acabem indo para na água. E isto não é difícil de fazer. Complicado mesmo é entender as obscuras regras da legislação. Tenho visto muitos exageros, principalmente no estado de São Paulo. Em Ubatuba, uma marina – que trata de toda água drenada de seu pátio e é equipada para permitir o fluxo normal das águas do mangue – foi condenada a ser implodida! O curioso é que essas autoridades que mostram os dentes quando os assuntos são novas marinas, mostram-se impotente à devastação nas encostas e à pesca predatória. Ou seja, alguém está condenando o réu errado. Um setor que emprega e faz expandir o mercado, não pode ser foco de perseguições preconceituosas.

Mario Dottori é consultor de náutica

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