Sétima Arte

Prefiro as legendas

Miriam Tabarro
Segundo alguns conceitos de marketing, é fundamental para qualquer projeto ou campanha publicitária, qualquer atividade no lançamento e comercialização de um produto, a definição muito clara de qual público alvo se quer atingir. Definir para quem ele é destinado é meio caminho andado em seu sucesso comercial . Para tanto, para uma aproximada definição do perfil do público, várias técnicas podem ser empregadas, entre elas duas pesquisas importantes; uma quantitativa e outra qualitativa.Não, não sou nenhuma especialista nessa área, só quero deixar aqui uma reclamação.

Sugiro que o Cine Porto, por ser o único cinema da cidade, cuide um pouco mais de sua marca, para poder obter um retorno comercial mais consistente. Essa empresa , que em minha modesta opinião, não costuma investir nem em marketing e, muito menos, em comunicação de uma forma minimamente regular, precisa determinar qual o público que quer alcançar. E está fácil porque, por não ter concorrentes, pode fisgar a TODOS e de todas as classes. Repito, não sou expert no assunto, mas arrisco dizer que, como único cinema no município, com um pouco de perspicácia comercial, poderia ter muito mais publico, e vou explicar por quê.

Na quarta-feira, dia 3 de fevereiro, fui com mais duas amigas assistir ao Sherlock Holmes, de Guy Ritchie, recém lançado em cadeia nacional. Assim que o filme começou, para nossa decepção, percebemos que ele era dublado. O clima se perdeu totalmente: ambientado na Inglaterra vitoriana (final do séc. XIX), a estória se desenrola nos becos de Londres com toda a pulsação de seu submundo, onde personagens marginais e maléficos contracenam com o famoso detetive e seu auxiliar, Dr. Watson (comentários sobre o filme em si, dariam mais algumas páginas). Acontece que, independente do humor intrínseco ao enredo, o genero do filme torna-se naturalmente uma comédia, já que as vozes que dublam os atores são nossas velhas conhecidas em personagens que vão de Barth Simpson ao gato Batatinha, do Manda Chuva e sua turma, passando também pelo Zé Colmeia, Scoobidoo e outros. Ou seja, virou desenho animado.

Um espectador, inconformado como eu, reclamou no final da sessão e a pessoa que o atendeu alegou que eles estavam satisfazendo a seu público. Qual público? Um público de analfabetos, que não sabem nem mesmo ler uma legenda? Um público que tem preguiça de ler? É possível , e esta seria uma razão interessante para unir entretenimento e cultura, apresentando um filme legendado, que possibilitasse, no mínimo, o exercício da leitura. Mas quem se preocupa com isso? Eu mesma, no dia seguinte, resolvi reclamar e ouvi da gerente uma outra versão: a de que eles receberam a cópia por engano, e não tiveram tempo hábil para trocá-la. A mim me pareceu mais verdadeira a primeira resposta : eles sabem, sim, qual o público que desejam. E, por favor, reflitam: se o alvo do Cine Porto for só a classe C, penso que exatamente esse público mereceria um pouco mais de consideração, na oportunidade de aprender um pouco mais, mesmo enquanto se diverte; não precisa ser nivelado por baixo; todos devem ser “cutucados” em seu intelecto, nem que seja ao ler uma simples legenda; nada de incentivar a preguiça mental com filmes dublados. Argumento posto, além disso acho que escolhendo filmes legendados a empresa ganharia também a simpatia de quem gosta de ler e, dos que, conhecendo uma segunda língua, encontram nos filmes um meio de exercitá-la. De minha parte, vou prestar mais atenção e nas próximas vezes vou checar antes de ir ao cinema se o filme é dublado ou legendado. Adoro a telona mas vou esperar o DVD chegar às locadoras. Eu e muuiitaaaaa gente.

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