Opinião

A USP e o ensino a distância

Editorial do Estadão
Embora as universidades federais venham há muito tempo expandindo o sistema de educação a distância, só agora a USP - a maior e mais importante instituição de ensino superior do País - vai lançar seu primeiro curso com base nesse modelo pedagógico. Trata-se de uma licenciatura de ciências, que será oferecida aos interessados em geral, mas que foi especialmente concebida para qualificar os professores do ensino básico.

A educação a distância favorece quem reside em locais longínquos e não consegue acompanhar os cursos tradicionais de graduação, que são presenciais. Ela também beneficia quem decidiu voltar a estudar sem, contudo, precisar comparecer diariamente à universidade. Por isso, o aluno desse tipo de curso tende a ser um pouco mais velho do que os dos cursos universitários tradicionais. O projeto da USP prevê a abertura de 360 vagas, e os docentes da rede pública estadual que conseguirem ser aprovados no processo seletivo, que ficará sob responsabilidade da Fuvest, receberão um bônus do governo estadual.

Do total de aulas, 52% serão a distância e 48% exigirão a presença dos alunos nos campi de São Paulo, Ribeirão Preto, Piracicaba e São Carlos. Dependendo dos resultados, a reitoria poderá expandir essa forma de ensino, que sempre foi muito criticada na instituição. Apesar de a experiência vir apresentando excelentes resultados nas universidades federais, no âmbito da USP permanece a oposição contra ela, que decorre mais de razões ideológicas do que de argumentos técnicos e pedagógicos.

As críticas começaram em outubro de 2008, quando o governador José Serra assinou o decreto que criou a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), envolvendo o Centro Paula Souza, a Fundação Padre Anchieta, a Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap) e a Fapesp, além das três universidades públicas estaduais - a USP, a Unicamp e a Unesp. Inspirada na experiência da Open University, da Inglaterra, da Université Virtuelle em Pays de la Loire, na França, e da Universitat Oberta de Catalunya, na Espanha, a ideia era montar um consórcio acadêmico-tecnológico para ampliar a oferta de cursos gratuitos de graduação, pós-graduação e educação continuada no Estado.

Pelo decreto, a Univesp foi encarregada de definir o projeto acadêmico e a Fapesp, de assegurar o apoio financeiro. As três universidades, o Centro Paula Souza e a Fundap ficaram encarregados de formular os conteúdos dos cursos e produzir o material didático. E a Fundação Padre Anchieta se comprometeu a abrir um canal aberto para a transmissão dos cursos, com programação de 24 horas por dia. Os primeiros cursos foram abertos pela Unesp (em pedagogia) e pelo Centro Paula Souza (em tecnologia de processos gerenciais), sendo destinados ao magistério público e aos professores das Fatecs - as escolas e faculdades técnicas do governo estadual.
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