Editorial

Paradigma

Sidney Borges
A prisão de José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal pode significar mudança de atitude por parte das instituições que fiscalizam governos. Não digo que vá acontecer, seria bom se acontecesse.

Imagino o significado do evento no imaginário de jovens promotores de Justiça, entusiasmados e idealistas. Há muitos nessa condição. Chegou a vez deles agirem.

Alguém precisa acabar com a farra do enriquecimento imoral e ilícito.

Segundo a ONG Amarribo, em torno de 20% do orçamento das cidades vai pelo ralo através de corrupção. Está explicado como salários minguados compram carrões, motocicletas e casas suntuosas.

Os mágicos da multiplicação gastam a rodo, como se tivessem ganhado na loteria.

Fazem isso sem pudor em localidades onde todos sabem da vida de todo mundo. E aqueles que deveriam sentir-se lesados fingem que não é com eles.

Um dia o cara está dirigindo um pau velho. Semanas depois de ser nomeado passa a desfilar de carrão importado. Como? Milagre, Jesus ajudou.

O salário continua minguado, as roupas melhoram a olhos vistos, os restaurantes também. Mais milagre. Mais Jesus. Ou teria sido a herança da tia?

Corruptos têm uma incrível capacidade de dissimular. Agem de forma ilícita, aparelham laranjas e apagam vestígios.

Denunciar pode acabar virando um transtorno para quem o faz.

Aí entram os jovens do Ministério Público. Aquele que conseguir fisgar um peixe gordo terá mídia nacional garantida. Ficará famoso, as crianças o apontarão na rua: quero ser como ele.

E desfilará garboso ao lado de lindas mulheres sussurrando em seu ouvido: meu herói, vamos logo para Passárgada.

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