Eleições 2010

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Serra pode ceder a vez a Aécio

Ricardo Noblat (original aqui)
Se Aécio Neves não topar em ser vice de José Serra ou se Serra se convencer de que Aécio não suará a camisa para elegê-lo presidente da República no próximo ano, o candidato do PSDB à vaga de Lula será Aécio.

Não haverá razão para Serra disputar uma eleição difícil sem contar com o apoio decisivo do segundo maior nome do seu partido. Nesse caso, ele será candidato à reeleição para o governo de São Paulo.

De uma certa forma, é nisso que aposta Aécio quando insiste em manter sua candidatura mesmo estando a dezenas de distância de pontos de Serra nas pesquisas de intenção de voto. Ou quando fala em sair candidato ao Senado.

Serra pode até perder a eleição para Dilma. Só não pode disputá-la sabendo de antemão que tem tudo para perder.

Aécio, não. Pode disputar para perder. Tem idade para ser candidato outra vez - Serra não tem. Mesmo perdendo, vira um nome nacional. Serra virou quando perdeu para Lula em 2002.

São Paulo e Minas Gerais são os dois maiores colégios eleitorais do país. O candidato que abrir ali uma larga vantagem dificilmente será derrotado.

O PT joga para separar Aécio de Serra. No primeiro momento, separá-los significa evitar que Aécio aceite ser vice de Serra. No segundo momento, que Aécio de fato se empenhe para eleger Serra.

O primeiro objetivo do PT está próximo de ser alcançado.

Aécio repete quase que diariamente que não será vice.

Se Serra abdicar de ser candidato é porque o segundo objetivo do PT também foi alcançado.

Nota do Editor - O experiente jornalista Ricardo Noblat sabe muito bem que Magalhães Pinto estava coberto de razão quando comparou política com núvens. "Em um determinado momento tudo parece de um jeito, num pestanejar tudo está de outro jeito".
Muito se escreve sobre política com olhos no instante. O que vai de fato acontecer é questão do trabalho dos ventos. Vamos analisar a reeleição de Lula. Culpam Gonzales, marqueteiro de Alckmin, pela derrota. Também culpam o próprio candidato que dizem não ter sido firme quando precisava e de ter e passado dos limites quando não precisava.
Está errado, Lula ganhou de Alckmin e teria ganhado de qualquer outro. Era a vez dele, a economia ia bem, os donos do capital estavam satisfeitos e deram sinal verde para mais um mandato de ganhos extraordinários. Nenhum marqueteiro teria conseguido reverter a tendência pró Lula. ainda mais no caso do ex-governador, político de província, de pouco carisma. Não nos esqueçamos que os ex-governadores de São Paulo saem do cargo com a popularidade em alta. Governar o Estado mais rico do país não parece tão complicado quanto ser prefeito da maior cidade do país, tarefa que exige engenho e arte.
No entanto, cabe lembrar que Lula perdeu em São Paulo. Tudo indica que vai perder novamente, o PT não se dá bem na terra dos bandeirantes. Quanto a Minas, bem Minas está onde sempre esteve e não vai mudar. De qualquer forma, mesmo com a economia bombando e a banca embriagada de Champanhe Cristal, Lula continua sendo Lula. Dilma não é Lula. Arriscado fazer previsões. Acredito que desta vez Serra não cederá a vez. Vai jogar todas as fichas na mesa. Última tentativa. Com ou sem Aécio. Certamente com Gonzales. (Sidney Borges)

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