Avanti populi...
Chávez propõe criar uma “Quinta Internacional Socialista”
Opera Mundi (original aqui)
O presidente venezuelano Hugo Chávez declarou ontem (20) que “chegou a hora”, de criar uma “Quinta Internacional socialista” para aglutinar o movimento progressista planetário, e “elaborar juntos uma resposta à crise mundial”.
“Eu acho que a Quinta Internacional é uma necessidade, atrevo-me a convocá-la (...), acho que já está decidido”, afirmou Chávez frente a 150 delegados dos 52 partidos de esquerda reunidos em Caracas ao convite do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV).
“Estou oferecendo algo novo”, porque a “terceira via fracassou”, acrescentou o chefe de Estado, precisando que “esse encontro socialista tem que ser a esquerda verdadeira, disposta a enfrentar o imperialismo e o capitalismo”. Para ele, a Quarta Internacional, criada em Paris em 1938 já não representa mais os movimentos operários mundiais. “Nós viajamos no mundo intero e podemos dizer que a criação de uma Quinta Internacional é um clamor popular”, disse.
Chávez propôs também que os partidos de esquerda que estavam presentes no encontro constituem a base de um comitê preparatório para convocar formalmente a nova internacional. “A constituição deste comitê pode ser umas das conclusões deste primeiro encontro de partidos de esquerda” conclui o presidente, que promove o “socialismo do século XXI”.
O Primeiro Encontro Internacional de Partidos de Esquerda começou na quinta (19) e deveria ser encerrado hoje (21). Foram convidados representantes de 39 países para conversar sobre “a instalação de bases americanas no território colombiano, o golpe de estado em Honduras, a queda do capitalismo e o socialismo do século XXI”. São 26 países de América Latina e do Caribe, 7 da Europa, 6 da África, Ásia e Oceania.
Pontos polêmicos
Entre os delegados estavam presentes os enviados do Partido dos Trabalhadores (PT), Partido comunista do Brasil (PCdB), Pólo Democrático Colombiano, Partido Humanista do Chile, a Frente Ampla (Uruguai), o Partido Justicialista (Argentina), o Partido Liberal de Honduras, além do Partido comunista francês, e do partido italiano Rifundazione.
O encontro deve ser encerrado à noite com a adoção de um texto, chamado “Compromisso de Caracas”. As primeiras versões que circularam, que não incluíam ainda a convocação do presidente Chávez para criar uma “Quinta internacional”, não agradou a todos os delegados. É o caso de Valter Pomar, o secretário de Relações Internacionais do PT, que já adiantou ao Opera Mundi que “o PT não ia assinar o texto”.
Um dos pontos mais polêmicos é a criação prevista pelo texto de um “Grupo de Caracas pelo século XXI”, que articule os partidos e organizações de esquerda e progressistas para “coordenar políticas contra a agressão aos povos, a instalação de bases militares, a violação de soberania dos Estados, a defesa dos direitos dos imigrantes no mundo contra a xenofobia, a defesa da paz, e dos movimentos indígenas”.
Um outro ponto seria a criação de “uma secretaria política de coordenação que garanta o funcionamento de uma rede de contatos entre os partidos de esquerda, as organizações populares e os governos progressistas, contribuindo na luta contra o Império”.
Para Valter Pomar, a idéia de criar uma secretaria política ou uma Quinta Internacional não é a boa solução para coordenar a ação dos partidos de esquerda. “Consideramos que a intenção é nobre, mas não estamos de acordo”, declarou ao Opera Mundi. Ele considera que “a experiência das Internacionais anteriores, a experiência das organizações partidárias atualmente existentes e as atuais condições do movimento socialista, indicam que construir uma Internacional não é a melhor maneira de coordenar os esforços da esquerda mundial”.
“Nós precisamos de unidade de ação, e coordenação nas ações práticas. Não precisamos criar novas instituições. As organizações que existem são plenamente capazes de dar conta das tarefas”, afirma o secretário de Relações Internacionais do PT. Ele lembra da existência do Foro de São Paulo, que reuniu mais de 60 partidos de esquerda da América Latina.
Contra-ofensiva da direita
Valter Pomar também lamentou o tom bélico das primeiras versões do “Compromisso de Caracas”, que giram em grande parte entorno da instalação das bases americanas em Colômbia. Para ele, a esquerda cai numa armadilha quando superestima o caráter militar do confronto com os governos e partidos conservadores.
“Existe uma contra-ofensiva da direita latino-americana e dos Estados Unidos. Esta contra-ofensiva é política, não é militar”, assegura Pomar. Ele sublinha que até os elementos vistos como militares, como as bases na Colômbia ou a reativação da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos na América do Sul e no Caribe, constituem na verdade um aspecto da contra-ofensiva política.
“Superestimar este aspecto, dar a este aspecto um caráter central, constitui um erro político”, acrescenta Pomar dizendo que tinha “encaminhado ao PSUV a opinião do PT, pedindo para que alterassem o texto”.
Apesar das discordâncias, o secretário de Relações Internacionais insiste no fato que o PT respeita as decisões do PSUV. “Se eles desejam impulsionar uma organização, é direito deles. O que nos interessa é que eles continuem participando do Foro de São Paulo, e eles vão continuar participando”, declara.
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Opera Mundi (original aqui)
O presidente venezuelano Hugo Chávez declarou ontem (20) que “chegou a hora”, de criar uma “Quinta Internacional socialista” para aglutinar o movimento progressista planetário, e “elaborar juntos uma resposta à crise mundial”.
“Eu acho que a Quinta Internacional é uma necessidade, atrevo-me a convocá-la (...), acho que já está decidido”, afirmou Chávez frente a 150 delegados dos 52 partidos de esquerda reunidos em Caracas ao convite do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV).
“Estou oferecendo algo novo”, porque a “terceira via fracassou”, acrescentou o chefe de Estado, precisando que “esse encontro socialista tem que ser a esquerda verdadeira, disposta a enfrentar o imperialismo e o capitalismo”. Para ele, a Quarta Internacional, criada em Paris em 1938 já não representa mais os movimentos operários mundiais. “Nós viajamos no mundo intero e podemos dizer que a criação de uma Quinta Internacional é um clamor popular”, disse.
Chávez propôs também que os partidos de esquerda que estavam presentes no encontro constituem a base de um comitê preparatório para convocar formalmente a nova internacional. “A constituição deste comitê pode ser umas das conclusões deste primeiro encontro de partidos de esquerda” conclui o presidente, que promove o “socialismo do século XXI”.
O Primeiro Encontro Internacional de Partidos de Esquerda começou na quinta (19) e deveria ser encerrado hoje (21). Foram convidados representantes de 39 países para conversar sobre “a instalação de bases americanas no território colombiano, o golpe de estado em Honduras, a queda do capitalismo e o socialismo do século XXI”. São 26 países de América Latina e do Caribe, 7 da Europa, 6 da África, Ásia e Oceania.
Pontos polêmicos
Entre os delegados estavam presentes os enviados do Partido dos Trabalhadores (PT), Partido comunista do Brasil (PCdB), Pólo Democrático Colombiano, Partido Humanista do Chile, a Frente Ampla (Uruguai), o Partido Justicialista (Argentina), o Partido Liberal de Honduras, além do Partido comunista francês, e do partido italiano Rifundazione.
O encontro deve ser encerrado à noite com a adoção de um texto, chamado “Compromisso de Caracas”. As primeiras versões que circularam, que não incluíam ainda a convocação do presidente Chávez para criar uma “Quinta internacional”, não agradou a todos os delegados. É o caso de Valter Pomar, o secretário de Relações Internacionais do PT, que já adiantou ao Opera Mundi que “o PT não ia assinar o texto”.
Um dos pontos mais polêmicos é a criação prevista pelo texto de um “Grupo de Caracas pelo século XXI”, que articule os partidos e organizações de esquerda e progressistas para “coordenar políticas contra a agressão aos povos, a instalação de bases militares, a violação de soberania dos Estados, a defesa dos direitos dos imigrantes no mundo contra a xenofobia, a defesa da paz, e dos movimentos indígenas”.
Um outro ponto seria a criação de “uma secretaria política de coordenação que garanta o funcionamento de uma rede de contatos entre os partidos de esquerda, as organizações populares e os governos progressistas, contribuindo na luta contra o Império”.
Para Valter Pomar, a idéia de criar uma secretaria política ou uma Quinta Internacional não é a boa solução para coordenar a ação dos partidos de esquerda. “Consideramos que a intenção é nobre, mas não estamos de acordo”, declarou ao Opera Mundi. Ele considera que “a experiência das Internacionais anteriores, a experiência das organizações partidárias atualmente existentes e as atuais condições do movimento socialista, indicam que construir uma Internacional não é a melhor maneira de coordenar os esforços da esquerda mundial”.
“Nós precisamos de unidade de ação, e coordenação nas ações práticas. Não precisamos criar novas instituições. As organizações que existem são plenamente capazes de dar conta das tarefas”, afirma o secretário de Relações Internacionais do PT. Ele lembra da existência do Foro de São Paulo, que reuniu mais de 60 partidos de esquerda da América Latina.
Contra-ofensiva da direita
Valter Pomar também lamentou o tom bélico das primeiras versões do “Compromisso de Caracas”, que giram em grande parte entorno da instalação das bases americanas em Colômbia. Para ele, a esquerda cai numa armadilha quando superestima o caráter militar do confronto com os governos e partidos conservadores.
“Existe uma contra-ofensiva da direita latino-americana e dos Estados Unidos. Esta contra-ofensiva é política, não é militar”, assegura Pomar. Ele sublinha que até os elementos vistos como militares, como as bases na Colômbia ou a reativação da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos na América do Sul e no Caribe, constituem na verdade um aspecto da contra-ofensiva política.
“Superestimar este aspecto, dar a este aspecto um caráter central, constitui um erro político”, acrescenta Pomar dizendo que tinha “encaminhado ao PSUV a opinião do PT, pedindo para que alterassem o texto”.
Apesar das discordâncias, o secretário de Relações Internacionais insiste no fato que o PT respeita as decisões do PSUV. “Se eles desejam impulsionar uma organização, é direito deles. O que nos interessa é que eles continuem participando do Foro de São Paulo, e eles vão continuar participando”, declara.
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