Quinta de sol e chuva

Coadjuvantes

Sidney Borges
Se você não tem um besouro, dispense, não faz falta. Eu acabei por ter um sem que o quisesse, apareceu aqui e pronto. É preto, grande, forte, pesado e lento, mas muito simpático, embora desajeitado. Está morando em casa há três dias e já perdi a conta das vezes em que o desvirei.

Com as patas tocando o chão ele sai a caminhar em linha reta e ao encontrar uma parede não se dá por vencido, tenta escalar e, péssimo alpinista que é, acaba emborcado, com as patas agitando-se no ar, suplicando por um ponto de apoio.

Por isso batizei-o de Arquimedes, que também queria um ponto de apoio.

Melhor do que o besouro é a rã que mora no vaso do escritório. Contam histórias de gatos e cães perdidos que atravessam estados na volta para casa.

Duda, a rã, atravessa gramados e sempre volta ao lar, digo, ao vaso.

Eu a desalojei pelo menos cinco vezes, ela retornou, acabou vencedora. A Duda as batatas, ou melhor, os mosquitos. Depois dizem que batráquios não têm sentimentos, não são inteligentes.

O povo diz tantas coisas e acredita em tantas outras, como por exemplo, em políticos honestos, que sou obrigado a pensar que o povo é bobo, pois perde muito tempo na Rede Globo.

Já o cachorro é indispensável, como pode o homem viver sem cachorro?

Empalhado também serve, inclusive com certas vantagens, não tem pulgas, não faz xixi na roda do carro e não late de madrugada.

Usando criatividade e rodinhas dá até para levar para passear.

Felizmente este ano a Silvia não apareceu, para quem não sabe, Sílvia é a caninana que vive nas cercanias.

Caninanas e rãs são como matéria e antimatéria, quando se encontram aniquilam-se, viram energia, isto é, no caso das caninanas e das rãs não é bem assim, a caninana se enche de energia e a rã vira fantasma, que em português antigo diziam abantesma.

Viver na mata tem suas peculiaridades.

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