Opinião

A queda dos preços do petróleo

Editorial do Estadão
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) divulgou, quinta-feira, o Relatório de Mercado de Petróleo, estimando que o consumo de 2008 no mundo foi 200 mil barris/dia inferior ao de 2007 - 85,8 milhões de barris/dia, ante 86 milhões de barris/dia. É mais um sinal do processo recessivo em que a economia internacional mergulhou e um indício de que os preços do bruto poderão cair ainda mais, pois os maiores interessados na sua recuperação, as nações da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), até agora se mostraram incapazes de cortar a produção para forçar o aumento das cotações. Em 60 dias, os analistas reviram radicalmente as projeções.


Há dois meses, a IEA estimava que a demanda diária de petróleo, em 2008, superaria em 400 mil barris/dia a de 2007. Há um mês, a previsão caiu para 100 mil barris/dia. Agora, cotejando as projeções de outubro e dezembro, a diferença passou a 600 mil barris/dia a menos - 0,7% do consumo global. É a primeira vez, desde 1983, que se registra queda de consumo num ano.

Nos países da OCDE, as projeções de consumo para 2009 foram revisadas de 87,2 milhões de barris/dia para 86,3 milhões - 900 mil barris/dia a menos.

A queda do consumo é uma das explicações para a derrubada das cotações do bruto, do pico de US$ 147 o barril do tipo WTI, em julho, para US$ 46 o barril, anteontem. Mas outros fatores também foram decisivos, como o desmonte de operações especulativas no mercado futuro, envolvendo um processo de compra e venda muitas vezes superior à capacidade global de produção.

A reação da Opep não bastou para segurar as cotações. Na reunião de 24 de outubro, em Viena, foi decidido o corte de 1,5 milhão de barris da produção diária, sem impacto sobre as cotações. Reunida novamente no Cairo, em novembro, a Opep adiou a tomada de decisões para a próxima reunião, na quarta-feira, em Orã (Argélia).

O objetivo é elevar os preços da commodity a pelo menos US$ 75 o barril, disse o ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi. O preço preservaria os novos projetos. "É o preço para o produtor marginal", acrescentou.

A Opep não controla os sócios: Irã e Venezuela descumpriram a política de corte. O fato é que vários produtores - caso do Irã, da Venezuela, da Nigéria e da Rússia - enfrentam crises fiscais e não se arriscam a cortar a produção, o que significaria queda real e imediata da receita ante uma mera expectativa futura de aumento de preço.
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