Coluna da Terça-feira

Mais discussão, mais ação e abaixo à omissão

Mauricio Moromizato

Sei que esta coluna está atrasada no horário, mas é que intencionalmente deixei para escrevê-la em viagem. Estou a escrever direto de Santarém, no Pará, nesse meu retorno a minhas atividades profissionais. Trabalho aqui desde 1997, como profissional liberal que sou, por conta e risco. Aqui cheguei numa proposta para exercer minha atividade – a ortodontia- numa época de escassez de profissionais e por isso aqui ganhei um dinheiro bem ganho;muito trabalhado, mas em quantidade que nunca havia ganhado aí no Sul. Após a campanha eleitoral, retorno para iniciar minha despedida dessa empreitada. Está se fechando um ciclo na minha vida.
Quando comecei, só havia a Varig voando para cá, junto com a Nordeste aviação, sua subsidiária regional. A TAM engatinhava e a Gol nem existia. Faltava muita coisa numa região muito rica, que saía do ciclo do garimpo para entrar no ciclo da madeira e da agricultura, junto com um início de desenvolvimento do turismo.
Para crescer, a busca por profissionais e empresas dispostos a trazer sua experiência, seu conhecimento e suas mercadorias para a cidade.
Como político, comecei a observar a cidade e seu desenvolvimento. As oportunidades foram sendo aproveitadas e a cidade se desenvolveu buscando fixar aqui pessoas e empresas que a ajudassem a se destacar.
Imaginem o que é uma cidade do tamanho de Taubaté com acesso apenas por água ou ar, barco ou avião. Um cenário amazônico deslumbrante, com praias fluviais lindíssimas e de nos fazer inveja, águas cristalinas, rios de dimensões oceânicas. Como nunca tive a intenção de me mudar para cá, ajudei vários profissionais daqui a se capacitarem para exercer a ortodontia, pois sempre soube que independente do tempo, minha história em Santarém seria de passagem.
Como é grande e cheio de oportunidades esse nosso Brasil. Que povo. O daqui é por demais hospitaleiro e cordial. Gostam de boa conversa e de escutar sobre nossa vida. Bom humor é uma característica constante do povo. Isso mesmo sendo um local pobre para nossos padrões do Sul do País.
E o que tem a ver Santarém e minha vida profissional com o título da coluna de hoje? Nada, pelo aspecto pessoal, relatado acima. E tudo, pelo que relato agora.
A história política da cidade, que acompanha o seu desenvolvimento, sempre foi marcada pela troca no poder de pessoas do mesmo grupo, representantes dos setores mais fortes economicamente, e dominantes até então eternos da vida dos cidadãos locais. Em 2000, a atual prefeita Maria do Carmo foi eleita deputada federal. Em 2002, corajosamente disputou o governo do estado, sacrificando seu mandato de deputada federal para defender seu partido e colocar os problemas da região do Tapajós (o lindo rio que banha Santarém) na pauta estadual. Foi ao segundo turno, e mesmo derrotada, se credenciou para em 2004 ser eleita a primeira prefeita mulher na história do município. Foi reeleita agora em 2008 e fez um mandato virtuoso, exatamente como o título dessa coluna, com muita discussão, muita ação e sem omissão.
Discussões baseadas em fóruns, seminários e conferências, promovidos e incentivados pelo poder público, sobre os diversos temas da administraão pública, com capacitação permanente, não só dos agentes políticos, mas de toda a população.
Ação, baseada em atitudes que contemplaram toda a cidade, proporcionando melhoria na infra-estrutura (asfaltamento planejado de ruas, construção de postos de saúde e de escolas, desenvolvimento de projetos e planejamento do município). Apesar dos problemas, continuarem grandes, percebe-se mudança por toda a cidade.
E sem omissão, porque está fazendo um governo plural, de respeito aos cidadãos, discutindo todos os problemas apresentados.
Aqui, diferente de nossa Ubatuba, a reeleição foi muito comemorada pelo povo, apesar da ferrenha oposição.
Tenho a convicção que é esse o caminho para Ubatuba. Muita ação, muita discussão e menos omissão. Mas não da prefeitura e sim dos cidadãos.
Na coluna de ontem, meu companheiro de víbora Renato Nunes tocou em alguns pontos nevrálgicos de Ubatuba. Colocar o Plano Diretor em funcionamento, construir e aprovar logo a lei de uso e ocupação do solo, instaurar o conselho da cidade, tornar os conselho municipais já instituídos mais atuantes, melhorar o relacionamento do município com Estado e União, entre outros. Em todos esses movimentos, é vital a participação do cidadão.
E de maneira independente, como o citado companheiro Celso de Almeida Jr., ao pedir o direito de criticar sem ser considerado inimigo, num diagnóstico perfeito de como a administração trata os que se recusam a ser da “turma do amém”.
Por isso, caros leitores, temos que ter um comportamento cidadão. A comunidade tem que ser tratada e entendida como a dona do time, a dona do dinheiro e não como mera torcedora, espectadora dos fatos, gerados pelos que se acham donos do dinheiro e pelos seus empregados (os políticos).
Acrescento aqui alguns pontos a serem vistos pela comunidade leitora, para ajudar Ubatuba: a imprensa local, os fornecedores e prestadores de serviços ao governo municipal, a questão do saneamento básico, a solução para o fechamento do aterro sanitário, a zona azul, só para ficar nos que me vêm prontamente à cabeça.
A crise mundial, que ainda não nos atingiu, mas que vai chegar, mostra com ela que o modelo de desenvolvimento baseado no individualismo, no egoísmo, no materialismo e no consumismo está em processo de acelerado desgaste e que está latente a construção de um novo modelo, voltado para o futuro, para o novo e que terá que ser baseado na coletividade, na participação efetiva de todos nos destinos não só de Ubatuba, mas do planeta. Baseado mais na cooperação que na competição.
É isso. Fazer a nossa parte em Ubatuba, para colocar o nosso grão de areia nessa construção de uma sociedade diferente, mais justa, mais humana, mais segura, mais feliz. Como a fórmula não está pronta, “muita discussão, muita ação e abaixo a omissão”.
Mauricio Moromizato
mauriciomoromizato@hotmail.com

Comentários

Anônimo disse…
Extra! Extra! Extra!

Finalmente as recentes mudanças climáticas estão explicadas. Acredito até mesmo que algum pinguim clarividente, ao prever as mudanças hoje anunciadas oficialmente pelo Ex candidato, tenha informado aos demais membros da comunidade em um congresso de pinguins petistas e esta seria a causa da recente invasão em nosso litoral.

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