Opinião

Afoiteza inexplicável

Por conta da precipitação com que tem agido e falado sobre a compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi (ex-Telemar), que resultará no que a imprensa vem chamando de a "supertele" brasileira, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, viu-se obrigado a retificar suas declarações, que afetaram as cotações dos papéis das duas empresas negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Num dia o ministro disse ter sido notificado oficialmente sobre o negócio, razão pela qual anunciou já ter pronto estudo sobre mudanças nas regras vigentes, que impedem a criação da "supertele", e que iria apresentá-lo imediatamente à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No dia seguinte, porém, teve de voltar atrás. Agindo com prudência não demonstrada pelo ministro, outras áreas do governo tomaram a decisão de aguardar a publicação, pelas empresas envolvidas no negócio, de um comunicado de fato relevante para então iniciar o procedimento que Costa queria começar o mais depressa possível.
Trata-se de um negócio que até poderia ser encarado como normal no mundo empresarial se não viesse envolto em atitudes, declarações e intenções não claramente justificadas pelo governo. A afoiteza do ministro é, talvez, o componente menos intrigante do envolvimento do governo nesse caso - Costa deve ter lá seus motivos para estar tão ansioso por ver a fusão consumada.
Não são convincentes os argumentos invocados pelo governo para justificar sua interferência nesse negócio entre duas empresas privadas. O governo tem sustentado que a formação de uma empresa de capital nacional do porte da que resultará da fusão da Oi e da BrT é necessária para enfrentar a concorrência de empresas estrangeiras, no País e no exterior. Ora, não há, que se saiba, nos planos da "supertele", projetos de expansão imediata de suas atividades para outros países. Outra alegação do governo é que, no plano interno, a nova empresa aumentaria a concorrência, com benefícios para o usuário. Esse argumento foi repetido pelo ministro das Comunicações há dias.
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