Pensata

Lago amazônico e ciclamato

A Rand Corporation do Delfim deles, Hermann Kahn, gorducho sabichão, QI 170, pequeno se comparado ao de um tradicional lobo do mar de Ubatuba, mas suficiente para dar conselhos ao governo dos Estados Unidos, foi chamada a dar palpites sobre como ganhar a guerra no Vietnã. Para quem não sabe, foi Ike (Dwight David Eisenhower (1890 - 1969), presidente dos Estados Unidos da América entre 1953 e 1961) quem começou a se lambuzar no Sudeste Asiático. Os franceses tinham apanhado feio em Dien Bien Phu, em 1954, e resolveram não brincar mais, eles tinham um joguinho aparentemente mais fácil na Argélia e a Indochina era tão longe, embora as mulheres fossem mais sensuais. Uh lá lá. Sempre se perde alguma coisa quando se ganha. Melhor uma Argélia cheia de mulheres feias na mão do que uma Indochina sensual voando. Eisenhower ficou com medo da escalada comunista, que segundo a teoria do dominó, primeiro dominaria a Asia, depois a África, depois a Europa e por último a Lua. O velho Ike enviou "conselheiros militares" para ensinar os nativos bons, do Sul, democratas até a medula, a combater os nativos maus, do Norte, comunistas, argh! A guerra ficou em banho maria até Kennedy, o pacifista bonitão eleito pela máfia, resolver que era hora de mostrar quem mandava no mundo. Robert MacNamara, que anos depois diria a Lindon Johnson que bombardear Hanói era o canal, aconselhou Kennedy a não atacar primeiro na crise dos mísseis de Cuba. No caso de Cuba deu certo, no Vietnã foi um desastre. O viril Kennedy, seguindo seu irmão Bob, enviou mais e mais conselheiros ao Vietnã, a guerra começou de fato nessa época, 1962. Sem o esforço americano para salvar o mundo livre o Vietnã seria a primeira pedra do dominó a cair. Dos conselhos belicistas do irmão ao incidente forjado do Golfo de Tonkin, em 1965, que deu início formal à guerra, foi um pulo. Quanto ao futurólogo Hermann Khan, o Brasil do milagre o chamou para opinar sobre o milagre e sobre a Amazônia. Nosso gordão Delfim encontrou-se com o gordão do Império (para agradar petistas) e ouviu o que não queria. Hermann foi sincero, o Brasil vai dar certo, mas só no ano de dois mil e trezentos e quanto à Amazônia, vamos fazer um lago. Íça. Os milicos ficaram tiririca, foi um custo segurar o general Newton Cruz. Naqueles tempos de calças boca-de-sino, ciclamato, (adoçante não calórico, ideal para regimes) dava câncer, segundo a opinião da ciência. Era a época do adoçante Suíta, cantado por Caetano Veloso, o maior intelectual deste país antes do advento Lula. A ciência depois mudou de idéia sobre o ciclamato, que hoje faz bem. A vingança nacional contra a previsão desastrosa de Kahn foi cruel. Encheram a pátria do futebol de outdoors com a foto do gordão na praia e a frase: "Ciclamato nele". Delfim ainda anda por aí, ele que achou o AI-5 brando hoje elogia Lula aos quatro ventos e está mais magro. Deve ter tomado ciclamato. Quase eu ia me esquecendo. Os palpites de Hermann Kahn sobre a guerra não deram certo, o Vietnã ganhou. Sobre o Brasil ele tinha razão, só errou sobre o lago amazõnico, em vez disso estamos criando um deserto.

Sidney Borges

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