Cadê o piloto?

Caos aéreo - Altas taxas cobradas pela Agência Nacional de Aviação Civil provocam falência de aeroclubes e impedem formação de profissionais

Anac causa sumiço de pilotos

Sérgio Pardellas e Lorenna Rodrigues
Brasília - Uma outra crise aérea poderá eclodir no Brasil em menos de 10 anos: vai faltar piloto. O alerta é de Associações de Aeroclubes em todo o país. As principais causas do apagão previsto pelas pelas entidades são o aumento das taxas exigidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), para manutenção dos aeroclubes, e os altos valores cobrados para a renovação anual da licença dos pilotos. Somada a isso, a debandada de profissionais brasileiros atraídos pelos altos salários pagos por outros países preocupa especialistas do setor.
Com a extinção do Departamento de Aviação Civil (DAC) e a criação da agência, no ano passado, algumas taxas aumentaram mais de 1000%. Segundo estudo da Federação gaúcha dos Aeroclubes obtido pelo Jornal do Brasil 36 tributos foram criados e 115 reajustados no ato de criação da Anac.
- Com o acesso restrito à carreira, em razão dos altos tributos, pode anotar aí: em breve, vai faltar piloto - vaticina Claudio Candiota, presidente da Associação de Usuários de Transporte Aéreo (Andep).
A própria Anac reconhece que as taxas superam o patamar adequado. Os preços dos tributos foram determinados pela lei que criou a agência, que agora quer rever os valores. O órgão enviou ao Ministério da Defesa um estudo feito por técnicos da agência pedindo mudanças nas taxas.
Com as taxas cobradas pela Anac, um piloto com mais de 40 anos de idade, para obter a permissão para voar, por exemplo, precisa pagar R$ 2 mil para renovar o certificado de habilitação duas vezes por ano. Nos tempos de DAC a mordida era de só R$ 112. Para cada habilidade técnica - como pilotagem de helicóptero ou aptidão de voar sem radar - o piloto paga mais R$ 100. Esta taxa, até 2006, era de R$ 32,99.
Por não conseguir suportar o peso dos tributos, muitas escolas de aviação começam a fechar as portas, o que inibirá a formação de pilotos no país. Só nos últimos seis meses, quatro Aeroclubes de Minas Gerais, alguns dos mais bem estruturados do país, deixaram de funcionar. O de Belo Horizonte agoniza. No ano passado, requereu falência duas vezes.
- Essa Anac está querendo acabar com os aeroclubes. As altas taxas estão quebrando todo mundo. Se continuar assim vai fechar um por um - reclama o presidente do Aeroclube de Juiz de Fora (MG), Zelmen Dalbert Fell. O dirigente diz que está com cinco aeronaves paradas por não conseguir bancar as despesas com a vistoria.
Enquanto isso, os pilotos formados e treinados aqui estão indo embora do Brasil, em busca de melhores salários e condições. O destino preferencial é a China, seguida de Índia, Espanha e Kwait. De acordo com o Sindicato Nacional dos Aeronautas, 480 pilotos deixaram o país em apenas um ano.
- Semanalmente tem saído piloto do Brasil para o exterior. - declara a presidente do sindicato, Graziella Baggio.

Fonte: JB Online

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