Editorial

Sobre o poder

O poder é inebriante. É tão bom que um dia ACM disse a um repórter. “Vocês jovens pensam que sexo é bom. Vocês não sabem de nada. Bom mesmo é o poder”. Deve existir alguma verdade nessas palavras, pelo menos a experiência mostra que é assim. Os milicos relutaram em deixar o poder e quando o fizeram foi contra a vontade. Collor nem bem assumiu a presidência, começou a escalada para se manter lá por vinte anos. Durou pouco, perdeu para si próprio, arrogância e prepotência o derrubaram. Na seqüência veio FHC, que assim que sentiu o sabor da presidência inventou a reeleição. Ninguém me tira da cabeça que ele imaginou que depois de oito anos no comando e de fazer o sucessor, voltaria para mais oito anos. Quem sabe nos braços do povo, o maior dos desejos dos políticos. Faltou combinar com o adversário, como dizia Garrincha. Finalmente a esquerda chegou ao poder, não com Lula, que nunca foi de esquerda, mas com o PT de José Dirceu e Tarso Genro. Sabe o que a troupe tratou de fazer assim que se acomodou nas confortáveis cadeiras de Brasília? Cuidou de aparelhar a máquina para ficar no poder nos próximos vinte anos. Collor e Lula, tão diferentes na embalagem, tão parecidos no conteúdo. Pode ser que Lula fique mais quatro anos, mas dificilmente fará o sucessor. As contas do primeiro mandato serão colocadas na mesa e produzirão um imenso desgaste nas pretensões do barbudo. Quem viver verá. Seja quem for o próximo presidente, logo começará a sentir a coceira do “para sempre”. Em cada coração democrático reside um potencial ditador. O monstro totalitário só sai da toca quando o poder é atingido. Lula que o diga.

Sidney Borges

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