Pensata

“Cala a boca, Batista!”

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Jô Soares e Chico Anysio são criadores de tipos extraordinariamente engraçados e de bordões que entraram para nosso cotidiano. Quem não viu o deputado Justo Veríssimo, do Anysio, todo janota, com um 'bigodón' que faria o orgulho de Stalin, declarando “Quero que pobre se exploda!”, não sabe o que perdeu. Assim como o bravo general linha dura do Jô, que entra em coma no auge da “gloriosa” e sai do coma num mundo novo, sem militares no governo. A cada novidade que a família lhe contava, com extremo cuidado e preocupação, ele implorava aos médicos: “Me tira o tubo! Me tira o tubo!”.
Foram muitos os personagens e muitos os bordões. Eram engraçados, inteligentes, críticos, sempre atentos ao nosso dia a dia, aos nossos costumes. Razão tinha Tolstoi, grande é falar sobre a nossa aldeia.
Jô tinha um personagem que faz muita falta hoje em dia. Era o Irmão Carmelo, italiano responsável por uma paróquia aqui no Rio. Seu sacristão, o Batista, era interpretado pelo excelente ator Eliezer Motta. Pois bem, Carmelo era rabugento, mas o Batista, francamente, era de tirar a paciência de qualquer um. Só dizia asneiras e o pobre do frade italiano repetia sem parar, naquele seu sotaque carregado, acentuando o som do ‘t’ e puxando muito o ‘s’: “Cala a boca, Batista!”.
A troco de que fui desencavar o Batista? Por conta de uma insônia anteontem à noite. Sem sono nenhum, resolvi me valer da TV e, de canal em canal, bati na TV Câmera que repetia a transmissão da audiência pública da CPI dos Grampos. Na mesa, Daniel Dantas, aquele que foi lá munido de um habeas corpus que lhe dava o direito de permanecer calado. E também de não ser preso ali, na hora. Pois bem, o homem falou, e muito. Não deixou nada sem resposta, mesmo que as respostas fossem interessantíssimas, como frases que no fundo revelam muito e ao mesmo tempo nada revelam.

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