Alô, é do 171?

Telefonia

Estou sentindo um gosto amargo na boca. Sinto estar sendo enganado, ou melhor, sei que estou sendo enganado e não posso fazer nada a não ser cruzar os braços e me resignar. Hoje é o quarto dia em que estou privado do uso do telefone por culpa de falta de capacidade técnica e compromisso da empresa detentora do monopólio. Eu reclamo e um atendente educado e solícito faz o papel de anteparo. De um lado está a empresa que lhe paga os salários. Ele sabe que ela não age com correção. Sabe que não serão cumpridas as promessas que fará, terá de mentir em nome da sobrevivência. Dirá que o serviço será feito em vinte e quatro horas. Repetirá o mantra quando as vinte e quatro horas tiverem passado e o cliente insatisfeito reclamar. Fará o mesmo depois de setenta e duas horas. Promessas para um porvir longínquo. Enfim ele está ganhando a vida, embora não deva ser bom para a saúde mentir profissionalmente. Do outro lado o cliente refém do monopólio, preso sem esperanças na teia de mentiras que lhe são pespegadas diariamente pelos meios de comunicação. A concessionária ri com desdém, sabe que chova ou faça sol a conta será paga. O cliente é honesto e tem medo de represálias, se atrasar os pagamentos elas certamente virão. É um jogo de dois pesos e duas medidas, pesos e medidas favorecendo apenas um lado da moeda de duas caras. Uma pergunta não me sai da cabeça. Por que o monopólio? Não dá certo. Nunca deu e nunca dará em lugar nenhum do mundo. Deve ter havido maracutaia nesse lance de monopólio. Sem maracutaia o Brasil não é o Brasil. (Sidney Borges)

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