Coluna do Celsinho

Tancredo

Celso de Almeida Jr.

Passados 30 anos da eleição de Tancredo Neves para Presidente da República, completados ontem, 15 de janeiro, muita coisa poderia ser dita.

Tancredo foi um ícone da política nacional.

Merece ser estudado por jovens e adultos.

Minha geração acompanhou os últimos anos deste admirável brasileiro e as suas atitudes continuam vivas em nossos pensamentos.

Mas - muito antes - Tancredo já participara de grandes momentos de nossa história.

Casos e "causos" vividos intensamente no século 20.

Separei um deles.

Nos anos 50, o deputado federal Tancredo Neves ouviu do então presidente Getúlio Vargas uma das estratégias que adotara quando encaminhou o projeto para a criação da Petrobras.

Getúlio, em tom de segredo para um grupo restrito de deputados, alegou que defendia o monopólio estatal do petróleo.

Preferiu, entretanto, não incluir uma cláusula com este fim, imaginando que os deputados oposicionistas poderiam rejeitá-la, por birra.

Deixou a questão em aberto.

Acabou contribuindo - assim alegou - para os não governistas, liderados pela UDN - União Democrática Nacional, levantarem a bandeira do monopólio estatal.

Cá entre nós, trata-se de uma passagem controversa, considerando o histórico dos debates que culminaram na criação da empresa com participação majoritária da União, em 3 de outubro de 1953.

Sobre este depoimento, entretanto, Tancredo declarou:

"A malícia do presidente era realista."

Pouco tempo depois, em 1953, Tancredo Neves assumiu o Ministério da Justiça, sendo um fiel colaborador de Getúlio até o suicídio do presidente, em 24 de agosto de 1954.

Muita história pra contar...

Com tamanha bagagem, fico imaginando como Tancredo reagiria aos vexatórios episódios da atualidade na Petrobras.

Ele, que testemunhou os esforços para a sua criação e assistiu o crescimento extraordinário da empresa, não silenciaria sobre o tema.

Certamente apontaria o bom caminho para superar tamanha crise.

Prezado leitor, querida leitora...

Há muito o que aprender com o Brasil do passado.

Afinal - diferentemente do que afirma outro político brasileiro - muito antes na história deste país já tivemos grandes acontecimentos.

Vale estudá-los e entender os seus desdobramentos, adotando-os como referências para a firme correção dos erros de hoje, praticados de boa ou má fé.

É o que ordena a modéstia, o bom senso e a inteligência.

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