Opinião

O mundo rico derrapa

Editorial do Estadão
Mais um episódio de suspense da crise internacional vai acabar nesta sexta-feira, quando saírem as conclusões do teste de estresse aplicado em 91 bancos europeus. O teste deve mostrar quantos serão capazes de sobreviver a uma nova turbulência. Os vulneráveis serão aconselhados a buscar mais capital. Precisarão de um reforço estimado entre 75 bilhões e 95 bilhões, segundo estimativa do Instituto Internacional de Finanças, formado por grandes bancos de todo o mundo. Nos EUA, 10 dos 19 bancos submetidos a um exame semelhante no ano passado precisaram levantar US$ 75 bilhões para reforçar suas defesas. Se poucos forem reprovados na Europa, esse dado será uma das poucas notícias positivas da semana sobre a economia do mundo rico. Nos dois lados do Atlântico Norte as últimas informações confirmaram uma recuperação muito lenta, desigual e insegura, com desemprego elevado e sem perspectiva de redução ainda por muito tempo.

Nos EUA, o presidente Barack Obama conseguiu do Senado a prorrogação do auxílio-desemprego de longo prazo, encerrado em maio. Mais de 15 milhões de pessoas estão desocupadas e 2,5 milhões foram diretamente prejudicadas pela demora na prorrogação. Apesar de algum aumento de atividade, a economia americana continua em marcha lenta e a recuperação dificilmente se consolidará enquanto o mercado imobiliário permanecer em crise. Em junho, o número de construções de residências encolheu 0,7%, segundo os últimos dados oficiais. Os alvarás para obras diminuíram 3%, depois de já terem diminuído em abril e maio. No fim do mês passado, os estoques de imóveis disponíveis em grandes cidades era maior que o de um ano antes. Mais de 30 milhões de mutuários estão com atraso igual ou superior a 30 dias no pagamento das prestações e a retomada de imóveis pelas financiadoras continua em alta.

Na Europa, os sinais de reativação continuam fracos e as perspectivas de crescimento neste e nos próximos dois anos permanecem modestas. A situação das contas públicas é precária na maior parte dos países. Alguns países adotaram programas severos de ajuste fiscal e isso comprometerá o crescimento a curto prazo. Se não o fizessem, o resultado poderia ser pior, porque a rolagem de suas dívidas seria mais difícil. Nesta semana, o Tesouro da Hungria conseguiu vender só uma parte dos títulos oferecidos. A insegurança aumentou no mercado quando o governo interrompeu o acordo com o FMI.

Na quarta-feira, o FMI divulgou uma avaliação da economia da zona do euro. De acordo com as estimativas, o crescimento médio dos 16 países da união monetária será de 1% neste ano, 1,3% no próximo e 1,8% em 2012. A demanda interna continuará estagnada e a expansão econômica dependerá do aumento das exportações.
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