Ensaio

A esquerda na Europa

Francisco Bustelo no El País (16)
A esquerda européia está em declínio, uma vez que antes da crise não foi capaz de produzir soluções próprias, quando teve chance igual de fazer valer as suas idéias e corrigir os erros do capitalismo. É o caso da Espanha. Os socialistas no governo ficaram inicialmente paralisados, sem tomar medidas quando começou o declínio da economia e, em seguida, quando as tomaram, cortaram os benefícios sociais, o que parece um absurdo já que esse tema é uma de suas principais metas. A tributação dos mais ricos contribuiria para ajudar a preencher as lacunas e atenuar a injustiça das medidas de ajuste.

Ocorre, entretanto, que tudo ou quase tudo na história tem a sua lógica. A principal razão para esta falta de destaque da esquerda é que vivemos numa economia de mercado, sem substituto de hoje. Quando o sistema, quando vai bem, é eficiente, tanto que com ele, ainda que os ricos fiquem mais ricos, também permite o avanço do Estado de bem-estar social, tão importante para os sociais democratas.

Eles se esquecem que o sistema não é um paradigma de equidade, ou mesmo da racionalidade, tampouco de estabilidade. Os anos das vacas magras inevitavelmente chegam, resultando nos desequilíbrios que estamos sofrendo entre economia real e economia financeira, investimento e consumo, despesas públicas e incentivos do Estado, ajustes internos e globalização, problemas urgentes e melhorias em longo prazo, para além do conseqüente e grande desemprego que é o paradoxo do Estado de bem-estar social. E aí... (Do Ex-Blog do Cesar Maia)

Francisco Bustelo é catedrático emérito de História Econômica e Reitor Honorário da Universidade Complutense.

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