Opinião

Mais tecnologia, mais lucros

Editorial do Estadão
O fato, constatado em estudo do Banco Central (BC), de que a internet se tornou o principal meio de acesso aos serviços bancários no País retrata as mudanças no modo de vida dos brasileiros e, sobretudo, a notável capacidade de adaptação do sistema bancário, que vem superando com muita eficiência situações inesperadas e às vezes francamente desfavoráveis.

Com o avanço do uso doméstico de computadores, em razão do aumento da renda dos brasileiros, era previsível que, como ocorreu em outros países, a participação da internet nas operações bancárias no País cresceria continuamente. O estudo do BC mostra que, em 2009, a internet foi o meio mais utilizado pelos brasileiros para utilizar serviços bancários, superando, pela primeira vez, o uso dos caixas eletrônicos, chamados de terminais de autoatendimento e conhecidos pela sigla ATM.

As operações a distância trazem, sem dúvida, benefícios para as duas partes ? o cliente e o banco. O conforto, a segurança e a rapidez da operação realizada a partir da mesa de trabalho ou do computador doméstico facilitam a vida do correntista. Evitam o deslocamento até a agência e, sobretudo, o tempo de espera nas filas. Em termos operacionais, por isso, os ganhos do usuário são expressivos. No ano passado, quase 50 milhões de correntistas utilizaram essa forma de acesso aos bancos. É um número 66% maior do que o registrado em 2008, quando 30 milhões utilizaram a internet.

O uso dos serviços bancários a distância ou sem a necessidade da presença de um funcionário do banco produz outro ganho muito relevante, em termos de redução de custos, mas este ganho pouco beneficiou os usuários, pois está sendo apropriado quase inteiramente pelas instituições financeiras.

Há anos os bancos vêm desestimulando - em alguns casos, de maneira acintosa - a presença de clientes nas suas agências, com o objetivo de reduzir seus custos operacionais, por meio do corte de pessoal. O uso das ATMs foi um importante passo nesse sentido. Além do maior uso da internet, outro passo foi a regulamentação dos correspondentes bancários - lotéricas, supermercados e farmácias, por exemplo -, onde o correntista pode fazer saques e pagar contas.

Com isso, vem caindo o número de operações com cheques ou realizadas nas próprias agências. Até 2006, as operações nas agências ocupavam o segundo lugar no total das transações bancárias, superadas apenas pelas realizadas nas ATMs. A redução, estimulada pelos bancos, da ida dos clientes às agências tem permitido a redução também das instalações bancárias e do quadro de pessoal. Estima-se que, hoje, o total de bancários seja menos da metade do que havia no início da década.
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