Educação

O papel da avaliação

Trechos da entrevista de Andreas Schleicher, diretor de Programas de Análise e Indicadores em Educação da OCDE e responsável pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Caderno Aliás, do Estado de SP (25).

O propósito das avaliações não é prioritariamente o de definir caminhos de entrada ou saída para os estudantes, mas sim o de identificar necessidades e melhorias no processo de ensino. Bons sistemas de avaliação reconhecem que um aprendizado de excelência abrange tanto o processo quanto seu conteúdo. O resultado dessas avaliações não produz apenas notas para as escolas, mas tenta fornecer uma compreensão abrangente sobre os estudantes e as estratégias conceituais que eles usam para resolver problemas.

Em todos os países que se saíram bem no Pisa, é responsabilidade das escolas e dos professores se engajar na diversidade de interesses dos estudantes, em suas capacidades diferenciadas e em seus diversos contextos socioeconômicos, sem a alternativa de fazer o aluno repetir de ano ou se transferir para uma escola menos exigente - atalhos normalmente usados em países com desempenhos ruins, onde os diretores de escola e professores podem enganar a si próprios dizendo que fizeram a coisa certa, mas têm os alunos errados.

No passado, alunos diferentes eram ensinados da mesma forma. Hoje, o desafio é incluir a diversidade no ensino. O objetivo do passado era a padronização. Agora, é a criatividade, a personalização das experiências. O passado era centrado no currículo, o futuro é no aprendiz. Nós também precisamos entender que a aprendizagem não é um lugar, é uma atividade. Sistemas educacionais precisam reconhecer que indivíduos aprendem de formas diferentes - inclusive, de formas diferentes ao longo de suas vidas.

Nota do Editor - O raciocínio está corretíssimo. Faltou o autor dizer que para uma escola agir de acordo com a receita é preciso dobrar ou até triplicar o número de educadores. Hoje o que temos lembra o pastoreio de ovelhas nas montanhas da Escócia, um homem e um cachorro cuidando de centenas de animais. Fazerndo a transposição e analisando apenas o fator quantitativo, notamos que nas escolas dezenas de alunos são educados e avaliados por apenas um professor de cada disciplina. De forma estanque, sem que os preceptores conversem uns com os outros. Não dá certo. Nunca dará certo. Educação custa caro, é investimento. A longo prazo educar é mais produtivo do que trens balas, Copas do Mundo e Olimpíadas, mas não seduz governos. Não dá votos. (Sidney Borges)

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