Pássaros

Ligações

Aintoine de Saint-Exupéry sabia da alma humana e gostava de aviões. Também gosto de aviões e aprendo com os escritos dele. Não somos responsáveis por nada ou ninguém, até o momento em que a vida nos joga uma batata quente nas mãos. Os pássaros são parecidos no ar, vêm, vão e a vida continua, até uma família de bem-te-vis escolher a viga da varanda para perpetuar a espécie. Seres vivos trazem uma informação primordial do desconhecido, reprodução. Água de morro abaixo, fogo de morro acima e mulher quando quer... Pobres mulheres, vítimas de preconceito, o chamado das células é a maior das compulsões, irresistível. Nasceu o pimpolho passarinho, feio como a mãe do sarampo, frágil, gritão, despenado. Um belo dia tentou voar e caiu do ninho. Nesse dia comecei a me sentir responsável. A tal da batata quente a que me referi acima. Minha tarefa passou a ser impedir que o pimpolho virasse repasto de cobras e lagartos, digo gaviões, que passaram a rondar o jardim atraídos pelos pedidos de comida. Foram dias de angústia, escondido nas helicônias e alimentado por uma ponte aérea digna da de Berlim de 1948, o pequerrucho ganhou penas e bateu asas. Fiquei orgulhoso. Por onde andará hoje, teria casado e mudado, entrado para alguma seita transcendental ou continua freqüentando minha casa? Sabe-se tão pouco de tudo... (Sidney Borges)

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