Editorial

Traído novamente...

Há um ditado popular que diz que um é pouco, dois é bom e três é demais. Cabe direitinho nas diatribes do PT, que como sempre serão atribuídas a algum complô das elites, ou quem sabe da direita. Primeiramente foi o affair Waldomiro Diniz. O diligente operador do então ministro José Dirceu, foi flagrado achacando um bicheiro em nome do partido. Não era possível refutar as imagens mostradas no horário nobre. Note-se que Diniz não era apenas colaborador, era amigo pessoal do comissário, chegaram inclusive a dividir apartamento. Depois do choque veio a versão de que o chefe de nada sabia. Nesse caso o chefe era Dirceu. Lula, chefe imediato de Dirceu, jamais desconfiou da possibilidade do envolvimento de seu subordinado. Quanto mais se vive mais se aprende. Dirceu fora traído. Ao abrigar Waldomiro Diniz no seio do impoluto PT, inseriu a serpente no berço da criança. Dirceu traído, Lula traído, o PT traído, o povo brasileiro traído. O presidente do PT, José Genoino disse alto e em bom som; tudo será investigado, os culpados serão punidos. Sem motivos para duvidar da lisura de Dirceu e Lula, acreditei na versão e torci para que as investigações avançassem. Meses depois tomei um susto ao ler na Folha Roberto Jefferson falando o diabo de José Dirceu. Segundo o ex-gorducho, fora instituído no Congresso, a mando de Dirceu, um propinoduto chamado mensalão, cuja finalidade era cooptar congressistas para que votassem com o governo. Nada demais, uma graninha por fora para ajudar na mercearia. Mensalão, o que é isso? Genoino, atuando mais uma vez como bombeiro, disse, sorrindo de lado, que a velha direita estava novamente em ação. Tudo seria investigado e o povo saberia que o PT jamais fez qualquer coisa errada. Lula mostrou indignação e disse que foi traído. Aconteceu no gabinete ao lado, e ele jamais desconfiou. Pobre homem. A versão de Lula foi consistente. Aos poucos os envolvidos no mensalão inexistente foram dançando. Dançou Genoino, dançou Dirceu, dançou Delúbio, parecia festa junina com quadrilha, ou, como diria depois o Procurador Geral da República, a quadrilha dançou. O povo brasileiro acreditou tanto na versão de Lula que ele se tornou intocável. É o líder absoluto das pesquisas eleitorais, com grande chance de vencer no primeiro turno. Quando a coisa está calma, é bom um pouquinho de adrenalina, não é mesmo? De repente surgem no horizonte os destemidos guerrilheiros do PT, melhor seria dizer os guerrilheiros portugueses do PT. Chegaram e foram logo fazendo o que sabem fazer. Criar confusão. Um milhão e setecentos mil reais seriam pagos por um dossiê que incriminaria Serra e Alckmin. Deu zebra, os implicados estão presos e abriram o bico: o PT está nessa até o pescoço. Lula diz que não sabia de nada, embora o autor da trama, Freud Godoy, seja tão próximo dele quanto Waldomiro Diniz era de José Dirceu. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, deixou claro que pode ser armação contra o PT. Outra vez Berzoini? Na primeira vez acreditei, na segunda também acreditei, embora a sombra da dúvida pairasse sobre a minha cabeça. Nesta terceira vez acredito na versão de Lula e Berzoini. Só quero saber uma coisa. De onde saiu o dinheiro? Agora vou sair e comprar uma bolinha vermelha para colocar no nariz. Aconselho os leitores a fazer o mesmo.

Sidney Borges

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