Opinião

PT apela ao capitalismo, de novo

Sérgio Malbergier
O governo gastou como se não existisse amanhã, confundindo o futuro do Brasil com o futuro do governo. Mas quanto mais gastou, menos o país cresceu, menos o governo arrecadou. O país voltou ao fundo do poço com estagnação, inflação, fragilidades externas e agora o constrangedor calote da meta fiscal seguido pelo casuísmo tramitando no Congresso para legalizá-lo.

O fracasso retumbante, se não esclareceu quem não quer ser esclarecido, ao menos expôs o capitalismo de Estado, ou, na versão nacional, o desenvolvimentismo em toda a sua debilidade.

A crise do capitalismo no final da década passada ressuscitou o ímpeto estatista principalmente nas economias emergentes. Deu no que deu.

O ex-presidente americano Ronald Reagan dizia, como lembrou a revista "Economist", que as nove palavras mais assustadoras da língua inglesa eram "I'm from the government and I'm here to help" –sou do governo e estou aqui para ajudar.

A frase apareceu num artigo da revista sobre o ocaso do capitalismo de Estado como gestor de empresas, mostrando como estatais desses países foram as que mais perderam valor de mercado nos últimos anos.

O governo russo dizia que a estatal Gazprom seria a primeira empresa do mundo a valer US$ 1 trilhão. Hoje vale no mercado cerca de US$ 75 bilhões. Já a Apple nesta semana chegou a US$ 700 bilhões, um reluzente recorde mundial.

Em 2007, a China "comunista", locomotiva do capitalismo de Estado, cresceu mais de 14% contra 1,8% dos EUA, locomotiva do capitalismo capitalista. Hoje, a China cresce perto de 7%, com dúvidas sobre a consistência do modelo chinês, enquanto os EUA crescem perto de 4%, com confiança no vigor da economia americana.

O Brasil desde a crise pendeu para o estatismo, apesar de ter florescido justamente depois de o intuitivo Lula abraçar o capitalismo como quem abraça a salvação.

Conta-se hoje como piada o alívio de Lula recém-eleito presidente ouvir do desenvolvimentista Aloizio Mercadante, recém-eleito senador, que não poderia assumir o Ministério da Fazenda e trair os 10 milhões de votos que teve em São Paulo, abrindo caminho para o time Palocci consolidar a virada "neoliberal" do PT.

Apesar de todo o sucesso, com o país crescendo mais de 7% em 2010, Dilma resolveu dar uma guinada estatizante-intervencionista que parou o país. Nunca crescemos tão pouco nas últimas décadas. Perdemos quatro anos preciosos e vamos perder mais alguns para botar o país de novo nos trilhos.

Mas governo novo, ideias novas. É chocante e animador Dilma ter renegado tudo o que pensa e fez no seu primeiro mandato e vociferou na campanha para de novo abraçar a salvação do PT encarnada desta vez num ministro da Fazenda ortodoxo e fiscalista –pensamento oposto da presidente e da turma do sim que a cercou até aqui.

Só o capitalismo salvará o PT (e o Brasil), de novo. Se o PT deixar. 

Original aqui

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