Coluna do Rui Grilo
Ação e proteção na Internet
Rui Grilo
Hoje, qualquer profissional que não se atualize corre o risco de perder o emprego ou os clientes. Hoje, também ser pai, mãe ou educador exige muito mais, pois a rápida evolução dos conhecimentos e atitudes traz desafios que as antigas gerações não enfrentaram. E o pior é que muitos desafios e perigos ainda não são percebidos, ou não se tem consciência da gravidade e de como agir.
Normalmente pais e educadores sabem que não podem soltar filhos ou educandos em qualquer lugar, em qualquer hora e na companhia de qualquer um e respondem perante a lei se, por falta de proteção ou abandono, sofrerem alguma violência. No entanto, não sentem a mesma preocupação quando jovens e crianças fazem uso da internet. Não tem a consciência de que esse meio garante o acesso quase ilimitado a qualquer espaço e a qualquer pessoa, conhecidas ou desconhecidas.
Com o uso da webcam e espaços de bate papo, ao conectar-se à internet é como se abríssemos a porta da nossa casa, do lugar de proteção e de privacidade, tornando-o público .Nesse espaço ilimitado chamado de ciberespaço também há crimes, golpes e violações aos Direitos Humanos em diferentes graus.
De acordo com pesquisas realizadas pelo Comitê Gestor da Informática, em 2008, faziam uso da internet 59% dos jovens entre 10 e 15 anos. Em 2009 saltou para 69%. Na faixa dos 16 aos 24 anos esse número sobe para 78%. E o mais preocupante é que 61% desses jovens faziam uso em lan houses, ), espaços geralmente pouco preparados para educar e proteger as crianças e adolescentes em relação aos perigos on-line.
Conscientes da vulnerabilidade do jovem e do seu desejo de se expor, aliciadores e abusadores sexuais tem usado os espaços preferidos pelos jovens e crianças como o Orkut e o Facebook para atingir diferentes finalidades (aproximação para abuso presencial, abuso mediado, chantagem ou captura para redes de exploração sexual comercial). Podem se passar por crianças com idade semelhante à vítima ou até apresentar-se como adulto carinhoso, acolhedor e protetor para iniciar o contato.
“Nas pesquisas sobre hábitos de segurança on-line, realizada pela SaferNet em 2008 (www.safernet.org.br) com 875 crianças e adolescentes, há indicativos de alta vulnerabilidade deste público na Internet. Do total dos participantes da pesquisa, 53% informaram já ter experienciado contato com conteúdos agressivos e que considerava impróprios para sua idade, 28% informaram já ter encontrado pessoalmente com alguém que conheceram on-line sem que os pais soubessem e 10% informou já ter sofrido algum tipo de chantagem on-line (SaferNet BR 2008).”
Diante dessa realidade, a pesquisa apontou que 99% dos educadores consideram este um dever da escola, sendo que 67% considera esta uma temática urgente que merece trabalhos permanentes de orientação. No entanto, é preocupante o fato de que 50% dos educadores consideram que não há informações suficientes para trabalhar o tema nas escolas e 24% não conhece nenhum programa que trate do tema. Quando indagados sobre os recursos que têm para levar o tema à sala de aula, 29% diz que não tem nenhum recurso e gostaria muito de ter e outros 9% não tem e nem sabem como buscar esse tipo de recurso.”
De acordo com esses dados, se percebe a importância de Ubatuba e o Litoral Norte terem sido incluídos no Programa de Ação Proteção, que tem como objetivo “propiciar e fortalecer ações para o enfrentamento da violência sexual em municípios do Estado de São Paulo . Durante o decorrer das atividades, a situação de cada região será avaliada em conjunto com os atores que atuam no atendimento de crianças e adolescentes. Assim, o trabalho será desenvolvido em rede, com foco na implementação de Planos Municipais de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, contribuindo para a melhoria das políticas públicas locais.”
O Programa é fruto da parceria da Fundação Telefônica com a World Childhood Foundation – Instituto WCF- Brasil, criado em 1999 pela Rainha Silvia, da Suécia (que é brasileira) e o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS), programa da Fundação Instituto de Administração (FIA), entidade sem fins lucrativos conveniada à Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP).
Em Ubatuba, o grupo, composto de diferentes profissionais e de várias instituições, tem se reunido no Projeto Tamar.
A próxima reunião deverá ser no dia 16 às 14 h e está aberta a pessoas interessadas na questão.
Fonte: Rodrigo Nejm. Liberdade, privacidade e sexualidade de crianças e adolescentes na Internet: Uma rede de desafios para a defesa e promoção de direitos. (aqui)
Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br
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Rui Grilo
Hoje, qualquer profissional que não se atualize corre o risco de perder o emprego ou os clientes. Hoje, também ser pai, mãe ou educador exige muito mais, pois a rápida evolução dos conhecimentos e atitudes traz desafios que as antigas gerações não enfrentaram. E o pior é que muitos desafios e perigos ainda não são percebidos, ou não se tem consciência da gravidade e de como agir.
Normalmente pais e educadores sabem que não podem soltar filhos ou educandos em qualquer lugar, em qualquer hora e na companhia de qualquer um e respondem perante a lei se, por falta de proteção ou abandono, sofrerem alguma violência. No entanto, não sentem a mesma preocupação quando jovens e crianças fazem uso da internet. Não tem a consciência de que esse meio garante o acesso quase ilimitado a qualquer espaço e a qualquer pessoa, conhecidas ou desconhecidas.
Com o uso da webcam e espaços de bate papo, ao conectar-se à internet é como se abríssemos a porta da nossa casa, do lugar de proteção e de privacidade, tornando-o público .Nesse espaço ilimitado chamado de ciberespaço também há crimes, golpes e violações aos Direitos Humanos em diferentes graus.
De acordo com pesquisas realizadas pelo Comitê Gestor da Informática, em 2008, faziam uso da internet 59% dos jovens entre 10 e 15 anos. Em 2009 saltou para 69%. Na faixa dos 16 aos 24 anos esse número sobe para 78%. E o mais preocupante é que 61% desses jovens faziam uso em lan houses, ), espaços geralmente pouco preparados para educar e proteger as crianças e adolescentes em relação aos perigos on-line.
Conscientes da vulnerabilidade do jovem e do seu desejo de se expor, aliciadores e abusadores sexuais tem usado os espaços preferidos pelos jovens e crianças como o Orkut e o Facebook para atingir diferentes finalidades (aproximação para abuso presencial, abuso mediado, chantagem ou captura para redes de exploração sexual comercial). Podem se passar por crianças com idade semelhante à vítima ou até apresentar-se como adulto carinhoso, acolhedor e protetor para iniciar o contato.
“Nas pesquisas sobre hábitos de segurança on-line, realizada pela SaferNet em 2008 (www.safernet.org.br) com 875 crianças e adolescentes, há indicativos de alta vulnerabilidade deste público na Internet. Do total dos participantes da pesquisa, 53% informaram já ter experienciado contato com conteúdos agressivos e que considerava impróprios para sua idade, 28% informaram já ter encontrado pessoalmente com alguém que conheceram on-line sem que os pais soubessem e 10% informou já ter sofrido algum tipo de chantagem on-line (SaferNet BR 2008).”
Diante dessa realidade, a pesquisa apontou que 99% dos educadores consideram este um dever da escola, sendo que 67% considera esta uma temática urgente que merece trabalhos permanentes de orientação. No entanto, é preocupante o fato de que 50% dos educadores consideram que não há informações suficientes para trabalhar o tema nas escolas e 24% não conhece nenhum programa que trate do tema. Quando indagados sobre os recursos que têm para levar o tema à sala de aula, 29% diz que não tem nenhum recurso e gostaria muito de ter e outros 9% não tem e nem sabem como buscar esse tipo de recurso.”
De acordo com esses dados, se percebe a importância de Ubatuba e o Litoral Norte terem sido incluídos no Programa de Ação Proteção, que tem como objetivo “propiciar e fortalecer ações para o enfrentamento da violência sexual em municípios do Estado de São Paulo . Durante o decorrer das atividades, a situação de cada região será avaliada em conjunto com os atores que atuam no atendimento de crianças e adolescentes. Assim, o trabalho será desenvolvido em rede, com foco na implementação de Planos Municipais de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, contribuindo para a melhoria das políticas públicas locais.”
O Programa é fruto da parceria da Fundação Telefônica com a World Childhood Foundation – Instituto WCF- Brasil, criado em 1999 pela Rainha Silvia, da Suécia (que é brasileira) e o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS), programa da Fundação Instituto de Administração (FIA), entidade sem fins lucrativos conveniada à Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP).
Em Ubatuba, o grupo, composto de diferentes profissionais e de várias instituições, tem se reunido no Projeto Tamar.
A próxima reunião deverá ser no dia 16 às 14 h e está aberta a pessoas interessadas na questão.
Fonte: Rodrigo Nejm. Liberdade, privacidade e sexualidade de crianças e adolescentes na Internet: Uma rede de desafios para a defesa e promoção de direitos. (aqui)
Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br
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