Pensata

Reflexões domingueiras

Sidney Borges
Pelé falou. Desta vez não disse love, love, love,  fez um alerta. A Copa do Mundo está próxima. Logo vai começar o ano de 2011, depois do carnaval, como é praxe ao sul do Equador. As obras da Copa, se as há, não estão visíveis. Vamos começar falando dos transportes entre as duas maiores cidades do país. Grandes cidades costumam ser servidas por trens. É assim na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia. No império comandado por D. Pedro II, aqui, também foi assim. Continuou assim até o governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira que optou pelo transporte rodoviário, mais caro e menos eficiente. Os governos que sucederam Juscelino continuaram o desmonte e deixaram que as ferrovias virassem sucata.

Está em pauta o trem bala, do qual sou entusiasta. Ainda não foi feita a licitação, na primeira tentativa poucos se interessaram. Vai haver outra rodada em breve. Temendo novo fracasso o governo manobra para bancar. Existe uma ferrovia ligando São Paulo ao Rio de Janeiro. O traçado é antigo, os trens circulam com velocidade reduzida. Reformar essa ferrovia para torná-la competitiva com os ônibus custaria uma fortuna. Mas seria infinitamente mais barato do que construir uma nova. E a relação custo benefício seria favorável ao bolso da nação.

Dizem que o trem bala vai fazer a viagem em menos de duas horas. O trem existente poderia fazê-la em quatro. Com a passagem custando um terço.

No quesito aeroportos a coisa é complicada. Faltam vagas para a permanência de aviões executivos. Até pouco tempo atrás, em Cumbica, havia oito. Na Copa do Mundo da África do Sul, em dias de jogos importantes, chegavam trezentos aviões de pequeno porte. Para pernoitar. Em 2014 os nababos certamente virão ver o scratch. Aboletados em suas magníficas máquinas voadoras. Tomara que consigam estacionar.

No jantar de ontem o tema variou de ditadores africanos a nobres de França. Os caricatos governantes africanos ficam riquíssimos enquanto os países que governam empobrecem. Essa prática gera revolta. Aparece um salvador da pátria, faz a revolução libertadora, toma posse e começa o acúmulo de riquezas. Nada muda. A nobreza francesa agia como os ditadores africanos. Ser nobre significava não fazer nada, o dinheiro vinha da condição de nascimento. o povo trabalhava e pagava impostos. Os nobres gastavam o dinheiro em festas, viagens e guerras, esporte preferido da nobreza.

Um dia a burguesia revoltou-se e cortou a cabeça dos nobres. Ao abrir a segunda garrafa de prosecco absolvemos Maria Antonieta.

Em alguns dos 5566 municípios brasileiros parte da arrecadação é desviada. Quem diz é a Amarribo. Os números giram em torno de 20%. O desvio é feito preferencialmente através de superfaturamento de obras, em contratos de coleta de lixo e na merenda escolar. No final do exercício anual o Tribunal de Contas aponta as irregularidades. As Câmaras Municipais aprovam as contas e o barco continua navegando. O poder dos prefeitos é imenso, "quase" acima da lei. Com as verbas desviadas eles têm como comprar "Deus e o diabo na terra do Sol". E tudo fica por isso mesmo.

Enquanto o sistema permitir a coisa vai continuar assim. O dinheiro desviado é frio e não pode aparecer. Acaba pulverizado nas mãos de laranjas. Se houvesse eficiência na fiscalização eles teriam de explicar ao fisco o súbito aporte de capital. De vez em quando um prefeito afoito ultrapassa a linha da prudência e acaba em maus lençóis. É raro, estatisticamente desprezível.

Os nobres de França não tinham de se preocupar com os filhos, títulos de nobreza eram hereditários. No sistema burguês pós revolução políticos lançam filhos em empreitadas sucessórias. Dependendo da popularidade do pai pode dar certo.

No tocante às sucessões municipais que se aproximam, acredite, os discursos de mudança são meros recursos eleitoreiros. Coisa pra inglês ver. O sistema encoraja e premia a esperteza. Pense nos prefeitos de sua cidade nos últimos 20 anos. Compare. Mudou alguma coisa? Mantido o sistema atual os mesmos problemas tornarão a acontecer. E nada mudará por todo o sempre. Amém...

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Comentários

Anônimo disse…
Sidney
Achei muito bom o texto reflexoes domingueiras e tomei a liberdade de colocar no meu blog.
Um grande abraço
Fernando Florindo de Souza
blog- fernandodaalmada.blogspot.com

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