Ubatuba em foco

Parece ficção

Sidney Borges
O meio que promove a comunicação ou interação entre governo e população é capaz de tornar simpático o governo fraco ou criar problemas sérios ao bom governante. Em Ubatuba a interface governo-contribuinte deixa a desejar.

No lamentável episódio da morte do professor Maurício dois textos publicados no Ubatuba Víbora causaram indignação. A carta de Dona Zelma, a mãe e a carta de Olívia, a esposa. Nesta última um detalhe de tirar o sono: “a funcionária mascava chicletes com a boca aberta, dizendo não enquanto o doente piorava a olhos vistos”.

Falta de sensibilidade? Não acredito, a atendente estava em lugar errado, não recebeu treinamento adequado.

Quando acontece uma situação dessa gravidade a face da atendente desaparece aos poucos da mente dos envolvidos. Transforma-se na cara do governante que a contratou e que será certamente lembrado nas próximas eleições. Tive um professor na faculdade que dizia: preste atenção aos detalhes, Deus está nos detalhes.

Por falar em detalhes, os comerciantes reclamam que o faturamento das férias foi baixo. Os mesmos comerciantes que apóiam, financiam e elegem qualquer um que lhes acene com vantagens.

Ubatuba entra em colapso quando os turistas chegam em massa.

A curva do caos é ascendente, o problema piora de ano para ano, de férias para férias. A cidade torna-se caótica em função do trânsito e seus gargalos intransponíveis.

Ontem fui da Ressaca ao Lázaro buscar um documento. Gastei pouco mais de trinta minutos entre ida e volta. Nas férias a viagem do condomínio Pedra Verde à Ressaca durou duas horas e meia.

Meus primos que têm casa lá são fãs da pizzaria São Paulo. Desistiram, a viagem não compensa.

A região da Rua Guarani, com suas lojas, cafés, restaurantes, livraria, poderia ser um ponto de encontro agradável, mas é um corredor tenso, com pessoas espremidas em calçadas estreitas respirando monóxido de carbono de carros parados. Em certos momentos lembra o trânsito da Avenida Rebouças, de São Paulo, com motoboys inclusive.

O que podemos esperar para as férias que virão? A estabilidade econômica tende a contribuir para piorar a situação. Crédito abundante significa mais carros em circulação, inflação baixa redunda em aumento de viajantes.

Não há no horizonte nenhuma medida que sugira um vislumbre salvador.

Em Ubatuba os problemas são resolvidos quando aparecem. Planejar não é um verbo conjugado trivialmente.

Estamos vivenciando uma situação criada em muitos anos de cumplicidade entre o Executivo e o Legislativo. As medidas tomadas para beneficiar poucos conseguiram estragar uma das regiões mais bonitas do planeta.

Um pormenor preocupante: os homens que detém o poder são os mesmos que o exercem há trinta anos.


Está ruim. Vai piorar.

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Comentários

Anônimo disse…
A funcionária que masca chiclete reproduz, do seu modo, o sorriso maledicente do prefeito, nas fotos do sujeito pelos prédios públicos, Este prédios,com pintura descascando, infiltrações, espaços mal projetados e mal acabados...mas a foto do camaradinha reluz em meio a desgraça de sua administração. Ele esta feliz, deve estar, afinal, o dinheiro que não é aplicado nos serviços públicos deve estar seguindo outro rumo.Amigo, concordo contigo: tá ruim, vai piorar.

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