Editorial

Dia de praia

Sidney Borges
Um dia colocaram mesas e cadeiras na praia. Eu gostei, todos gostaram, depois da caminhada era possível sentar-se à mesa, tomar refrigerante, água ou cerveja. E comer pastéis.

Dias depois colocaram mais mesas. E depois mais ainda. A faixa de areia foi encolhendo, caminhar ficou difícil. Desisti. Muitos desistiram e, como eu, caminham longe da areia.

As praias viraram restaurantes a céu aberto. E lojinhas de cangas, vestidos, chapéus, óculos, toalhas e demais apetrechos de banhistas. Pena que a faixa de areia foi diminuindo, diminuindo, até o fenômeno acabar na Justiça.

Estão proibidas mesas e cadeiras nas praias.

Quem perde com isso?

Quiosqueiros perdem. Certamente não conseguirão desovar o estoque que prepararam para o verão. Comerciantes têm capital de giro, gordura para queimar, darão um jeito, perdem hoje, ganham amanhã.

Banhistas perdem. Em conforto. É bom ter onde comprar água na praia. Água potável ou água de coco. Eles podem levar seu farnel, dá mais trabalho, mas tudo é válido para se ter uma cor no estilo American Express.

Trabalhadores dos quiosques perdem. Sem mesas para servir não existe a necessidade de garçons, gente do povo. Os que sempre perdem e não têm capital de giro nem gordura para queimar. Dependem dos trocados que faturam no verão. Perdem agora e perderão mais tarde com as dívidas acumuladas.

De quem é a culpa?

Dos quiosqueiros?

Não. Foram coerentes. Em havendo espaços devem ser ocupados. Tudo será permitido desde que traga lucros. Melhor quando não há limites ou fiscalização.

De quem é a culpa então?

Deixo aos leitores a decisão. E aos prejudicados pelo desemprego, uma advertência. Na próxima vez, antes de votar, pensem bem.

Twitter

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu