Manhã de sábado

Moto contínuo

Sidney Borges
Dia de paulistano. Sol, céu azul e carros, muitos carros, centenas de carros, milhares, alguns com som altíssimo inchando e desinchando em compasso de bate-estacas. Imagino atrás dos vidros pretos alguém que sente prazer em tímpanos forçados ao limite. Neste mundo de Deus e do Diabo na Terra do Sol há espaço para variadas neuroses. Andei por Seca e Meca ouvindo queixumes. O povo votou e agora reclama. Pentimento. Povo é assim mesmo, sempre quer ter algo novo. A oposição ouve a voz das ruas e se agita. Candidatos ao trono (inúmeros) por enquanto adulam. Vão continuar adulando até meados de 2011. Depois viram abóbora, digo oposição. Ferrenha, com baba no canto da boca e dentes rangendo. Todos têm a mesma proposta: governar sem proposta. Aquele que galgar o poder agirá de acordo com o manual: tentará manter o panorama dos últimos trinta anos. Conforme o pacto: "uma vez brancos, em outra pretos". Olhando de perto são todos azuis. Das andanças tiro uma compensação. Encontro gente e converso. Conversas bobas, sem sentido, como devem ser as conversas que não tem outro propósito a não ser juntar pessoas a falar.

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