Do Observatório da Imprensa
Boa, Valmir!
Carlos Brickmann
O repórter Valmir Salaro, um dos astros do noticiário policial da Rede Globo, fez um belíssimo depoimento sobre o caso da Escola Base, em que os donos de uma escola infantil foram presos e execrados publicamente sem que nada tivessem feito de errado (e, quando foi comprovada sua inocência, a escola, fruto do trabalho de suas vidas, já tinha sido desmoralizada e fechada).
Salaro disse em debate na Fiesp, Federação das Indústrias de São Paulo, que depois desse caso passou a desconfiar "até de si próprio". Conta que, ao entrevistar o casal Nardoni, acusado do assassínio de sua filha Isabella, foi criticado por não fazer pressão. "Mas não cabe ao jornalista condenar".
Nem condenar nem absolver. Cabe ao jornalista noticiar. E desconfiar.
Um homem notável
Uma boa, uma má notícia. A má é que um dos grandes homens públicos da atualidade, o ministro Flávio Bierrenbach, está se aposentando no Superior Tribunal Militar, por limite de idade. A boa é que a aposentaria de Flávio Bierrenbach permite mostrar que nem todo político é isso que a gente imagina: há pessoas cuja vida pública é um exemplo para todos.
O curioso é que a aposentadoria de Bierrenbach foi noticiada por todos os meios de comunicação. Mas poucos se deram ao trabalho de contar sua vida, que demonstra a possibilidade de agir com espírito público.
Flávio Bierrenbach é neto do general Flores da Cunha, que foi governador do Rio Grande do Sul, mas fez sua carreira política em São Paulo – no MDB, partido que resistia à ditadura militar. Era advogado de presos políticos; ele mesmo foi processado e absolvido pela Justiça Militar. Extremamente ligado ao professor Goffredo da Silva Telles, participou da redação, em 1977, da Carta aos Brasileiros, que reclamava a volta à democracia; trabalhando com Ulysses Guimarães, esteve no grupo que articulou a atual Constituição da República.
No Superior Tribunal Militar, temia-se que não se entendesse com os oficiais, a quem por várias vezes havia enfrentado na época da ditadura. Mas soube conviver e se tornar conhecido como um dos ministros mais preocupados do STM com as liberdades individuais.
Bierrenbach se aposenta por força de lei, mas continua a trabalhar: vai abrir em São Paulo um escritório de advocacia. E retornará a um velho hobby que há muito tempo não conseguia praticar: a aviação civil. Bierrenbach tem um teco-teco de 1946 que, segundo ele, voa perfeitamente. E pretende pilotá-lo.
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Carlos Brickmann
O repórter Valmir Salaro, um dos astros do noticiário policial da Rede Globo, fez um belíssimo depoimento sobre o caso da Escola Base, em que os donos de uma escola infantil foram presos e execrados publicamente sem que nada tivessem feito de errado (e, quando foi comprovada sua inocência, a escola, fruto do trabalho de suas vidas, já tinha sido desmoralizada e fechada).
Salaro disse em debate na Fiesp, Federação das Indústrias de São Paulo, que depois desse caso passou a desconfiar "até de si próprio". Conta que, ao entrevistar o casal Nardoni, acusado do assassínio de sua filha Isabella, foi criticado por não fazer pressão. "Mas não cabe ao jornalista condenar".
Nem condenar nem absolver. Cabe ao jornalista noticiar. E desconfiar.
Um homem notável
Uma boa, uma má notícia. A má é que um dos grandes homens públicos da atualidade, o ministro Flávio Bierrenbach, está se aposentando no Superior Tribunal Militar, por limite de idade. A boa é que a aposentaria de Flávio Bierrenbach permite mostrar que nem todo político é isso que a gente imagina: há pessoas cuja vida pública é um exemplo para todos.
O curioso é que a aposentadoria de Bierrenbach foi noticiada por todos os meios de comunicação. Mas poucos se deram ao trabalho de contar sua vida, que demonstra a possibilidade de agir com espírito público.
Flávio Bierrenbach é neto do general Flores da Cunha, que foi governador do Rio Grande do Sul, mas fez sua carreira política em São Paulo – no MDB, partido que resistia à ditadura militar. Era advogado de presos políticos; ele mesmo foi processado e absolvido pela Justiça Militar. Extremamente ligado ao professor Goffredo da Silva Telles, participou da redação, em 1977, da Carta aos Brasileiros, que reclamava a volta à democracia; trabalhando com Ulysses Guimarães, esteve no grupo que articulou a atual Constituição da República.
No Superior Tribunal Militar, temia-se que não se entendesse com os oficiais, a quem por várias vezes havia enfrentado na época da ditadura. Mas soube conviver e se tornar conhecido como um dos ministros mais preocupados do STM com as liberdades individuais.
Bierrenbach se aposenta por força de lei, mas continua a trabalhar: vai abrir em São Paulo um escritório de advocacia. E retornará a um velho hobby que há muito tempo não conseguia praticar: a aviação civil. Bierrenbach tem um teco-teco de 1946 que, segundo ele, voa perfeitamente. E pretende pilotá-lo.
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