Eleições 2010

Ibope escondido

Diogo Mainardi (original aqui)
José Serra: 57 pontos. Dilma Rousseff: 23 pontos. Esse foi o resultado da última pesquisa eleitoral do Ibope, realizada entre os dias 29 de agosto e 1º de setembro. Os dados correspondem ao que os principais candidatos a presidente da República obteriam num segundo turno, incluindo os votos brancos e nulos. Contando só os votos válidos, José Serra derrotaria Dilma Rousseff com uma folga espantosa de 42 pontos. Na ponta do lápis: 71 a 29.

Caso alguém se interesse por detalhes metodológicos, foram consultados 2 002 eleitores, em 142 cidades brasileiras. Margem de erro: 2 pontos a mais, 2 pontos a menos. A pesquisa ficou escondida até agora porque foi encomendada pelo próprio Ibope, que faz um acompanhamento permanente da disputa presidencial. Em menos de duas semanas, o instituto realizará outra pesquisa, dessa vez para a CNI. Se os números continuarem iguais, a candidatura de Dilma Rousseff desmoronará.

Além de pesquisar o segundo turno, o Ibope pesquisou também, nos mesmos dias, o primeiro turno. Os resultados foram publicados por O Globo, na última quarta-feira. Pode anotar:

José Serra, 42%
Ciro Gomes, 14%
Dilma Rousseff, 13%
Heloísa Helena, 7%
Marina Silva, 3%

Quando Heloísa Helena é retirada da lista, Dilma Rousseff empata com Ciro Gomes e Marina Silva, considerando-se a margem de erro. Isso quer dizer que ela pode estar até mesmo em quarto lugar. A campanha presidencial ainda está longe. Os candidatos nem foram escolhidos por seus partidos. A pesquisa do Ibope, a esta altura, tem um peso limitado. Mais do que representar a certeza de um sucesso de José Serra, ela representa apenas a certeza de uma derrota de Dilma Rousseff. Ninguém jamais perdeu o segundo turno por 42 pontos.

Se os dados permanecerem inalterados por mais algum tempo, ocorrerá uma debandada dos atuais simpatizantes de Dilma Rousseff, com o peemedebista maranhense pisoteando atabalhoadamente o pedetista paranaense.

Mas a debandada atingirá também uma ala do PT. Já há quem tenha se acertado com José Serra. Antonio Palocci costuma ser visto como uma alternativa a Dilma Rousseff, se a candidatura dela continuar perdendo terreno. Na realidade, Dilma Rousseff irá até o fim, tentando arrumar um lugarzinho no segundo turno, impulsionada pelo departamento de propaganda de Franklin Martins. Enquanto isso, Antonio Palocci se ocupará de construir uma ponte entre Lula e José Serra, impedindo as manobras golpistas dos aloprados do PT e garantindo a imunidade lulista no governo do PSDB.

No fim de agosto, o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, disse a VEJA que a candidatura de Dilma Rousseff seria derrotada. O que já dá para medir agora é o tamanho dessa derrota.

Nota do Editor - Um ano antes da eleição de FHC o candidato oficial era Antônio Britto, ministro da Previdência Social, com 16% de intenção de voto. Lula tinha 32% e liderava com folga. Itamar comunicou a Brito a intenção do governo de apostar as fichas nele. Britto refugou, disse que era jovem para a presidência e que preferia tentar o governo do Rio Grande do Sul onde a vitória era quase certa. Sem opção Itamar apoiou FHC que tinha apenas 3% e era considerado azarão. Deu no que deu. O Plano Real, tão combatido por Lula, Dirceu, Mercadante, et caterva, mudou o panorama e garantiu a vitória do "Príncipe dos Sociólogos". Lula precisa de um Plano Real. Urgente. Caso contrário vai perder o trono. Convenhamos que não dá para comparar Dilma a FHC, carismático, culto, simpático. (Sidney Borges)

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Comentários

Saulo Gil disse…
Sidney, como me deu a liberdade de opinar no comentário passado, não consegui me conter e terei de discordar tanto da matéria, quanto do seu comentário. Sobre a matéria, é muita pretensão, neste momento, definir vitoriosos e derrotados, posto realmente que a campanha não começou. E é justamente neste ponto que se obscura o “Plano Real de Lula”, que meu caro colega considera tão necessário para a pseudo virada nas urnas. Lula não precisará disso, simplesmente, porque ele mesmo é seu próprio “Plano Real”. Ignora-se a força do palanque de Lula e seus cerca de 80% de popularidade. Desconfio de que a pseudo virada desejada pelos petistas só ocorrerá de uma forma: Quando Lula conseguir passar aos eleitores que o projeto de governo para o país precisa continuar sob sua tutela. Caso contrário, Serra leva com a facilidade anunciada. Agora, resta apenas saber se Lula consegue ou não ganhar a próxima eleição.
sidney borges disse…
O Plano Real ao qual me refiro é simbólico, talvez seja o "argumento mágico" que Lula precisa tirar da cartola para convencer os eleitores a votar em Dilma. Um detalhe, Lula não usa cartola e argumentos mágicos são meras figuras de linguagem. Também cabe ressaltar que popularidade não se transfere facilmente, portanto é bom ter um plano "B" caso o "A" faça água. Discutir sobre o fururo é falta de juízo, tudo pode mudar, voltar a ficar igual e mudar de novo neste ano que falta para as eleições.

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